O Ministério da Saúde divulgou dados que mostram uma realidade significativa no país: mais de 1,6 milhão de pessoas vivem com HIV no Brasil. O vírus, que ataca o sistema imunológico quando não tratado, segue sendo um tema central de saúde pública, envolvendo aspectos que vão além da saúde física, tocando em questões sociais e emocionais.
A diferença crucial entre HIV e AIDS
Gláucio Grando Galli, CEO do Laboratório Pasteur, esclarece um ponto fundamental para a compreensão pública: HIV e AIDS não são a mesma coisa. O HIV é o vírus da imunodeficiência humana. Uma pessoa pode ser portadora do vírus (soropositiva) sem desenvolver sintomas da doença, mas ainda assim pode transmiti-lo. A AIDS, ou Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, é a doença que se manifesta quando o sistema imunológico está gravemente comprometido pelo vírus não tratado.
“Quando uma pessoa está soropositiva, ou seja, HIV positivo, ela está com o vírus e não necessariamente haverá sintomas. Já quem é portador da AIDS, aí, sim, essa pessoa já está doente”, explica Galli. Essa distinção é vital para combater o estigma e incentivar a testagem, já que o diagnóstico do vírus permite o tratamento antes do desenvolvimento da síndrome.
O desafio do diagnóstico tardio e a importância da testagem regular
Quatro décadas após os primeiros casos registrados no Brasil, em 1982, os avanços científicos garantem qualidade de vida plena para quem vive com HIV, desde que o tratamento seja iniciado a tempo. No entanto, uma parcela expressiva da população ainda não adere à testagem regular, o que favorece diagnósticos tardios e a perpetuação de estigmas.
Estimativas alarmantes indicam que cerca de 150 mil brasileiros vivem com HIV sem saber. Galli enfatiza que o fácil acesso à testagem é um fator determinante. “Quem faz a testagem regularmente evita que a doença se desenvolva. Quando descoberta de forma precoce, o paciente tem todas as condições de fazer o tratamento e viver uma vida normal. Ainda, diminui-se o risco de contaminação para outras pessoas”, comenta.
A recomendação vale para todas as pessoas sexualmente ativas, com atenção especial a adolescentes e adultos jovens. Em centros como o Laboratório Pasteur, em Joaçaba e região, a testagem segue protocolos nacionais, com resultados em até 48 horas, oferecendo sigilo e acolhimento.
Dezembro Vermelho e a prevenção combinada
A campanha do Dezembro Vermelho reforça a necessidade de ampliar o diálogo e o acesso à informação. A prevenção combinada se apresenta como a estratégia mais eficaz, englobando o uso de preservativos, a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), a Profilaxia Pós-Exposição (PEP) e, claro, a testagem regular.
Galli faz um alerta sobre uma tendência preocupante: “Com o controle clínico da doença, parte da população reduziu o uso de preservativos. Com isso, o risco de contaminação está cada vez mais presente”. O HIV continua com incidência em diversas faixas etárias, e a falsa sensação de segurança é um risco.
O caminho para mudar esse cenário passa pela informação, pela humanização no atendimento nos centros de diagnóstico e pela conscientização de que o diagnóstico precoce é a ferramenta mais poderosa para interromper a cadeia de transmissão e garantir uma vida longa e saudável às pessoas que vivem com o vírus.