Aos 37 anos, ela será avó após gravidez aos 16: história real que inspira novela
Aos 37 anos, mulher será avó após gravidez aos 16

Aos 37 anos, Regiane Aparecida de Sousa se prepara para uma nova fase da vida: será avó. A notícia chegou há cinco meses, quando sua filha Laryssa, de 20 anos, anunciou que espera um menino chamado Pablo. A situação traz à tona memórias do próprio passado de Regiane, que também enfrentou uma gravidez precoce aos 16 anos em Praia Grande, litoral de São Paulo.

História que parece novela

A trajetória de Regiane guarda semelhanças impressionantes com a da personagem Gerluce Maria das Graças, interpretada por Sophie Charlotte na novela "Três Graças" da TV Globo. Ambas enfrentaram os desafios da maternidade solo na adolescência em meio a cenários de vulnerabilidade social.

"Minha história, de fato, é uma novela. Acho que [se fosse] um livro, já teríamos uma trilogia", brinca Regiane, que mantém um relacionamento de 21 anos com Ademir Souza Santos, o mesmo namorado com quem engravidou após apenas três meses de relacionamento.

Superação contra todas as estatísticas

Ao contrário do que as estatísticas costumam apontar para casos de gravidez na adolescência, Regiane construiu uma carreira sólida e realizou diversos sonhos. Ela se formou, construiu uma carreira profissional, comprou casa e carro, e criou a filha com apoio do marido e da sogra.

Quando Laryssa nasceu, Regiane estava no 3º ano do Ensino Médio. Com ajuda da sogra, que cuidava da bebê e recebia o leite tirado na bombinha, ela conseguiu concluir os estudos e foi reconhecida como melhor aluna da turma. Paralelamente, trabalhava em uma farmácia e usava o salário para montar o enxoval da filha.

A família morou dois anos com a sogra enquanto construía a própria casa, comprando materiais de construção pouco a pouco com o salário mínimo. "Era tudo muito ali na ponta do lápis", lembra.

Carreira e novos desafios

Nascida com luxação no quadril, Regiane se inscreveu em uma vaga para PCD em uma multinacional de Tecnologia da Informação em São Paulo. Foi aprovada, deixou o trabalho na farmácia e conseguiu bolsa integral para cursar Sistema de Informação.

Foram quatro anos de rotina intensa: ela saía de casa às 5h30 para trabalhar em Alphaville e chegava meia-noite, após as aulas noturnas. O marido cuidava da filha durante esse período e, às vezes, levava pão com mortadela para que ela não fosse à aula sem comer.

A dedicação rendeu frutos: Regiane foi promovida na empresa onde trabalha há 16 anos ao cargo de consultora, responsável pela logística entre pessoas e demandas dentro da multinacional. Anos depois, o casal decidiu ter o segundo filho: Lucas, que hoje tem 6 anos.

Novo ciclo familiar

Com a gravidez da filha, Regiane enfrenta o desafio de sair do protagonismo que sempre exerceu. Laryssa e o pai da criança não estão juntos, e a consultora espera que a filha continue morando com os pais após o nascimento de Pablo. A família já planeja adaptar o quarto para receber o bebê.

"Confesso que estou em um momento de adaptação, de enxergar que não depende tudo de mim. Eu sempre fui muito protagonista, tomei as frentes de tudo e, dessa vez, eu estou tendo que ser a espectadora da vida dela", reflete Regiane.

Apesar das preocupações - especialmente porque Laryssa trancou a faculdade -, Regiane tenta dar todo o apoio sem assumir totalmente a responsabilidade, para que a filha também amadureça com a experiência.

Olhando para trás, ela comemora o reconhecimento pelo esforço que fez para dar um futuro melhor à família. Aquela menina que temia envergonhar os parentes hoje é motivo de orgulho, superando não apenas a gravidez precoce mas também o bullying que sofria por causa da luxação no quadril.