As gêmeas siamesas Heloísa e Helena, que nasceram unidas pela cabeça, apresentam uma recuperação positiva após a segunda etapa da complexa cirurgia de separação realizada no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Com 1 ano e dez meses de vida, as irmãs devem receber alta para o quarto na quarta-feira (12), segundo informações do médico Jayme Farina Junior, que lidera a equipe multiprofissional responsável pelo procedimento.
Etapas do procedimento cirúrgico
A segunda fase da separação foi concluída com sucesso, incluindo avanços na divisão dos cérebros e o fechamento das incisões cutâneas iniciadas em agosto de 2024. "Felizmente correu tudo bem. Foi feita mais uma etapa de separação dos cérebros e nós conseguimos completar as incisões cutâneas, unindo com os cortes iniciais que fizemos em agosto", declarou Farina Junior.
O planejamento meticuloso, que começou em 2024, prevê cinco etapas espaçadas por meses. A primeira cirurgia ocorreu em 23 de agosto e durou aproximadamente oito horas. A expectativa é que a terceira etapa aconteça no final de fevereiro de 2026, seguida pela quarta fase em março do mesmo ano, com a separação total prevista para meados de 2026.
Tecnologia e cuidados especiais
O procedimento utiliza modelos tridimensionais e realidade aumentada para garantir precisão máxima nas intervenções. Nas quatro primeiras etapas, o foco está na separação de tecidos, vasos sanguíneos e estruturas que conectam os crânios e cérebros das gêmeas.
"Tem que ser uma separação muito delicada, não pode ser rápida, porque provoca muito sangramento, é uma cirurgia bem delicada e o cérebro precisa ir se adaptando", explicou o médico. A abordagem gradual permite que os cérebros das meninas se adaptem progressivamente às mudanças.
Segundo o médico Marcelo Volpon, também da equipe, o formato dos crânios das gêmeas - mais estreito nas laterais - tem sido favorável para o mapeamento das áreas cirúrgicas. "Isso nos permitiu fazer essa navegação circunjacente de maneira que conseguimos encontrar os parâmetros laterais e a gente já conseguiu contornar bastante essas áreas de conjunção, tanto cerebral quanto de vasos", detalhou.
Preparação para a fase final
Na quarta etapa do processo, os médicos inserirão enxertos ósseos e expansores de pele, preparando as estruturas para a cirurgia plástica final, que fará o fechamento completo dos tecidos que revestem as cabeças das gêmeas.
As meninas são naturais de São José dos Campos (SP) e seu caso representa o terceiro procedimento desse tipo conduzido pelo Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, que se tornou referência nacional em separação de gêmeos siameses.
O hospital já havia realizado com sucesso a separação das gêmeas Maria Ysabelle e Maria Ysadora, do Ceará, em 2018, após dois anos de acompanhamento. O segundo caso envolveu Alana e Mariah, nascidas em Ribeirão Preto e criadas em Piquerobi (SP), que foram separadas definitivamente em agosto de 2023 em uma cirurgia que durou 25 horas.