A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) deu um passo crucial para a saúde pública da região Norte ao inaugurar, nesta terça-feira (16), o Centro de Clima e Saúde de Rondônia (CCSRO). A nova unidade está instalada na sede da instituição em Porto Velho e tem uma missão clara: investigar de que forma as alterações do clima impactam a saúde das populações que vivem na Amazônia.
Um polo de pesquisa para a Amazônia
O centro não surge isoladamente. Sua criação está alinhada ao AdaptaSUS, uma estratégia nacional que visa preparar o Sistema Único de Saúde (SUS) para enfrentar os desafios impostos por eventos climáticos extremos, que se tornam cada vez mais frequentes. A ambição é transformar o espaço em um hub de pesquisa, inovação e formação de profissionais, congregando especialistas de diversas áreas do conhecimento.
O objetivo é aprofundar a compreensão sobre a complexa relação entre clima, saúde e meio ambiente. Para isso, o CCSRO vai atuar como uma referência em vigilância sanitária e no estudo de doenças diretamente ligadas a problemas ambientais, como o desmatamento.
Integração entre ciência e saberes tradicionais
Um dos pilares diferenciados do centro é o compromisso de valorizar e incorporar o conhecimento tradicional de povos indígenas e comunidades ribeirinhas. A proposta é que essas experiências ancestrais, acumuladas ao longo de gerações em sintonia com a floresta, dialoguem com a produção científica moderna, resultando em estratégias de saúde mais eficazes e culturalmente adequadas.
As linhas de pesquisa do centro serão amplas e interdisciplinares, incluindo:
- Doenças emergentes e reemergentes.
- Determinantes socioambientais da saúde.
- O conceito de Saúde Única (One Health), que integra de forma indissociável a saúde humana, animal e ambiental.
Capacitação, parcerias e futuro
Além da pesquisa, o CCSRO terá um forte caráter formativo. O centro vai oferecer capacitação para profissionais que atuam na linha de frente do monitoramento de eventos climáticos e seus efeitos. A Fiocruz também projeta que o novo espaço atraia investimentos e fomente parcerias com empresas, universidades e governos, tanto no âmbito nacional quanto internacional.
A instituição prevê ainda a celebração de acordos de cooperação e garante que movimentos sociais e povos tradicionais terão participação ativa na construção e implementação das ações do centro. A inauguração do CCSRO marca, portanto, um investimento estratégico na saúde da população amazônica, posicionando Rondônia na vanguarda dos estudos que conectam a crise climática ao bem-estar das pessoas.