Jovem baleado por PM enquanto trabalhava em João Pessoa
Um policial militar atingiu com um tiro um homem de 22 anos que estava trabalhando no bairro de Cruz das Armas, em João Pessoa, durante a madrugada do último sábado (8). O caso gerou revolta na comunidade e levou familiares e amigos da vítima a protestarem contra a violência policial nesta segunda-feira (10).
Mãe relata abandono por parte da polícia
Em declaração emocionada à TV Cabo Branco, Girlene de Souza, mãe do jovem baleado, revelou que nenhum representante da Polícia Militar entrou em contato com ela para se pronunciar sobre o caso ou saber do estado de saúde do filho. "Muito me entristece. Isso aconteceu na madrugada do sábado e até hoje, eu não ouvi pronunciamento nenhum. Ninguém me ligou. Nenhum comandante, nenhum policial, nem ninguém me procurou para saber do meu filho", desabafou a mãe.
O jovem foi atingido quando o policial militar tentava abordar um suspeito em uma moto. Imagens de câmeras de segurança mostram o momento exato em que o tiro atinge o trabalhador, que preparava espetinhos no local. Após ser baleado, ele foi socorrido pelos próprios policiais e levado para o Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa, onde permanece internado em estado grave na UTI.
Família teme sequelas e luta pela vida
Girlene compartilhou a angústia da família diante da gravidade do estado do filho: "Meu filho estava trabalhando, ele tem uma filhinha de um mês para criar. Meu filho está na UTI, o estado dele ainda é grave e ninguém sabe se o meu filho vai sair com sequela. Eu quero que ele volte vivo para casa".
De acordo com o coronel Bergson, corregedor da Polícia Militar, o caso está sob investigação interna e os policiais envolvidos já foram levados para a delegacia para prestar esclarecimentos. "Conduzimos os militares para a delegacia, onde eles foram ouvidos. A arma do militar foi recolhida para a perícia e na esfera administrativa disciplinar, nós já fizemos o devido juízo da admissibilidade, abrimos o procedimento e iremos apurar na íntegra", afirmou o coronel.
Protesto interdita ruas em Cruz das Armas
O descontentamento com o caso levou familiares e amigos da vítima a realizarem um protesto na principal avenida do bairro de Cruz das Armas. Manifestantes queimaram pneus, pedaços de papelão e outros materiais, criando uma cortina de fumaça preta que impediu completamente a passagem de veículos pelo local.
O Corpo de Bombeiros foi acionado e conseguiu conter o fogo por volta das 12h40. Os detritos dos materiais queimados estão sendo recolhidos para liberar as vias.
Testemunha descreve cena como 'terror'
Uma testemunha que preferiu não se identificou relatou à TV Cabo Branco os momentos de pânico durante a ação policial. "Eu estava voltando da casa da avó do meu filho. Quando a gente para a moto, eles [os policiais] encostaram e falaram: 'perdeu, perdeu', e simplesmente atirou. O rapaz que estava comigo na moto saiu na hora que viu que ele ia atirar, a bala passou de raspão na camisa dele. Foi uma cena de terror", contou.
Segundo relatos, o suspeito que estava na moto conseguiu fugir do local durante a confusão. As imagens de segurança mostram a agitação das pessoas que presenciaram a cena e o socorro prestado pelos policiais à vítima, que foi colocada na viatura para ser transportada ao hospital.