Um confronto armado de aproximadamente duas horas terminou com a morte de um advogado após intensa troca de tiros com policiais no bairro de Santo Amaro, no Centro do Recife. O episódio, que aconteceu na tarde desta terça-feira (16), por volta das 12h, na Rua Tamoios, começou com a resistência ao cumprimento de um mandado judicial ligado a uma denúncia de violência doméstica.
Dois horas de confronto e negociações
Fernando Ribeiro da Costa, de 55 anos, especializado em direito do consumidor, foi identificado como o homem que barricou-se em sua residência e recebeu a equipe policial a tiros. De acordo com a Polícia Civil, os agentes tentavam cumprir um mandado de busca e apreensão expedido pela 1ª Vara de Medidas Protetivas de Urgência, com o objetivo de recolher armas de fogo em posse do advogado.
A delegada Thayná Barbosa Fioresi, que participou das negociações, relatou que o homem estava "bastante exaltado, com alto grau de periculosidade". "Ele estava apontando arma de fogo. Dizia que não ia sair e que, se o efetivo tentasse se aproximar, ele continuaria disparando", afirmou a autoridade policial.
Imagens registram momentos de tensão
Vídeos gravados por testemunhas e obtidos pelo g1 e pela TV Globo mostram a sequência dramática do cerco. Nas imagens, é possível ver Fernando aparecendo na janela da casa, segurando uma arma e um celular, enquanto conversa e ameaça os cinco policiais posicionados na calçada.
Em outro momento, um intenso tiroteio é registrado. Os policiais são vistos se protegendo atrás do muro de uma casa vizinha, enquanto um dos agentes utiliza um escudo balístico e outro aponta um fuzil em direção à residência do atirador. De acordo com o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), cerca de 11 tiros foram disparados pelo advogado durante todo o período do cerco.
Atendimento médico e óbito
Por volta das 14h, após ser baleado durante a troca de tiros, o advogado foi atendido pela equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) no local. Ele foi transportado para o Hospital da Restauração, no bairro do Derby, mas morreu durante o trajeto, conforme informou o Samu. O hospital confirmou que ele deu entrada já sem vida.
A investigação do caso agora está a cargo da 1ª Delegacia de Polícia de Homicídios da Polícia Civil. A delegada Thayná Barbosa Fioresi adiantou que as informações preliminares apontam que o advogado era uma pessoa violenta e que a arma apreendida, uma pistola nove milímetros, estava sendo usada para praticar violência contra a ex-esposa, vítima da denúncia que originou o mandado.
Parentes do advogado relataram às autoridades que ele fazia uso de medicamentos para transtornos psiquiátricos e que havia interrompido o tratamento há algum tempo. O episódio chama a atenção para a complexidade de operações envolvendo mandados relacionados a violência doméstica e a necessidade de protocolos de abordagem em situações de alto risco.