Secretário de Avaré preso por violência doméstica mantém cargo e salário de R$ 7,2 mil
Secretário de Avaré preso por violência mantém cargo

O secretário de Gestão Pública de Avaré, no interior de São Paulo, Wellington Oscar Murbach, de 40 anos, foi preso em flagrante no último mês de novembro. A prisão ocorreu após denúncia de violência doméstica, perseguição e lesão corporal contra sua companheira, uma mulher de 35 anos.

Detalhes do caso de violência doméstica

Segundo o relato policial, a vítima afirmou ter sido agredida e ameaçada pelo secretário municipal. Em decorrência das agressões, ela solicitou uma medida protetiva de urgência para impedir qualquer tipo de aproximação ou contato por parte de Murbach.

O casal foi conduzido à delegacia e ambos passaram por exame de corpo de delito. Enquanto o secretário negou as acusações, os exames periciais confirmaram a existência de lesões leves em ambos os envolvidos. Ele foi liberado após uma audiência de custódia realizada no dia seguinte à prisão, mas terá de cumprir medidas cautelares alternativas à prisão preventiva.

Secretário mantém cargo ativo e salário

Apesar da gravidade das acusações e da prisão em flagrante, Wellington Murbach continua com seu contrato ativo na Prefeitura de Avaré. Consultas realizadas ao Diário Oficial do município, desde a data da prisão, não registraram nenhuma publicação de exoneração do cargo.

A reportagem tentou contato com a prefeitura para esclarecimentos, mas não obteve resposta. Conforme dados do Portal da Transparência, Murbach segue recebendo um salário mensal de R$ 7,2 mil. O último benefício registrado foi o depósito de um vale-alimentação no valor de R$ 1 mil, realizado em novembro.

A administração municipal informou, por ocasião do fato, que tomou conhecimento do ocorrido no próprio dia e acionou a Procuradoria Geral do município para obter informações sobre o caso. A defesa do secretário não foi localizada para se manifestar.

Histórico de condenação por crime de ódio

Esta não é a primeira vez que Wellington Murbach enfrenta problemas com a Justiça. Em 2022, ele foi condenado a dois anos de prisão em regime aberto por incitar discriminação nas redes sociais. A sentença, à qual a imprensa teve acesso, revela que o secretário publicou ofensas e incitações contra nordestinos após as eleições presidenciais daquele ano.

Entre as mensagens, ele afirmou: "Tem que quebrar na porrada essa gente escrota, não tem mais diálogo, não. Se quiserem te ferrar, faça como eu: vá para cima e arrebente na porrada. O crime compensa mesmo".

Na ocasião, Murbach admitiu as ofensas perante a Justiça, alegando impulsividade. O juiz Leonardo Labriola Ferreira Menino considerou as postagens como discurso de ódio, que ultrapassou os limites da liberdade de expressão.

A pena de prisão foi convertida em prestação de serviços à comunidade, a ser cumprida em horários que não atrapalhassem sua rotina de trabalho. Além disso, ele foi condenado ao pagamento de uma prestação pecuniária equivalente a dois salários mínimos (cerca de R$ 3 mil na época), somada a uma multa de R$ 404.

O caso de violência doméstica segue sob investigação das autoridades competentes, enquanto a situação funcional do secretário na prefeitura permanece inalterada, gerando questionamentos sobre a responsabilidade na gestão pública.