Adolescente mantida em cárcere por 2 anos sofre torturas em Goiânia
Adolescente em cárcere por 2 anos sofre torturas

Uma adolescente foi mantida em situação de cárcere privado durante aproximadamente dois anos na cidade de Goiânia, onde sofreu torturas e agressões constantes. O caso envolve um trisal composto pela mãe da vítima, o padrasto e outra mulher.

Crimes cometidos contra a adolescente

Segundo informações da Polícia Civil, o padrasto foi indiciado por tortura, tentativa de estupro, cárcere privado e pornografia infantil. As duas mulheres, incluindo a mãe biológica da jovem, responderão pelos crimes de tortura, cárcere privado e pornografia infantil. Os três suspeitos permanecem presos enquanto aguardam o andamento do processo.

A situação começou quando a adolescente deixou de morar com o pai e foi viver com a mãe, após a separação do casal. A residência ficava no Setor Negrão de Lima, na capital goiana, onde a jovem era mantida em cativeiro e submetida a constantes agressões físicas.

A fuga dramática e o resgate

A libertação só aconteceu quando a adolescente conseguiu fugir após encontrar uma escada esquecida no quintal da casa. Na rua, ela abordou uma mulher identificada como Albanita Aires Marques Vilas Boas, a quem pediu ajuda desesperadamente.

"Ela ouviu da jovem que não aguentava mais apanhar", relatam as investigações. Comovida com a situação, Albanita aceitou ligar para o pai da adolescente, que afirmou em entrevista à TV Anhanguera que era impedido pela mãe de ter qualquer contato com a filha e desconhecia completamente a gravidade da situação.

Outra criança envolvida no caso

Além da adolescente, uma menina de 8 anos, filha da outra mulher do trisal, também vivia na residência. O conselheiro tutelar Rondinelly Ná, que participou do resgate da adolescente junto com a Polícia Militar, revelou que os policiais encontraram em um celular dos investigados imagens das duas menores nuas, o que fundamentou o indiciamento por pornografia infantil.

"Os vídeos mostram elas junto com os adultos. Quando eles mostraram o vídeo, nós falamos 'não, não tem mais condição. Nós vamos ter que levá-la também'", declarou Rondinelly, referindo-se à decisão de retirar a menina de 8 anos do ambiente, embora ela não fosse mantida em cárcere como a adolescente.

De acordo com o conselheiro, a criança menor também sofria maus-tratos eventuais: "Ela falou que também sofria falta de alimentos e apanhava muito. E também dormia no fundo, onde dormia a adolescente". Atualmente, a menina se encontra acolhida pelo Conselho Tutelar.

Impacto do caso nas autoridades

Rondinelly destacou que o caso surpreendeu mesmo os profissionais experientes que trabalham diariamente com situações de abuso contra crianças e adolescentes. "Acaba nos tocando, né? É um caso que não é comum de acontecer, mas, infelizmente, acontece. E é um caso que exige muita atenção, muito cuidado e muito carinho da família que agora acolheu essa adolescente".

As investigações seguem sob sigilo na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). A defesa dos três investigados, representada pela advogada Cristiana de Oliveira Morais, emitiu nota informando que não comentará o processo pela imprensa para preservar a seriedade das investigações e o regular andamento da Justiça, limitando-se a se manifestar nos autos do processo.