Julgamento de policial civil por morte de PM em Cuiabá é anulado após conflito
Julgamento de policial por morte em posto é anulado em Cuiabá

O julgamento do investigador da Polícia Civil Mário Wilson Vieira da Silva Gonçalves, acusado de assassinar o policial militar Thiago de Souza Ruiz em abril de 2023, foi abruptamente interrompido e anulado no Fórum de Cuiabá. A decisão ocorreu após uma acalorada discussão entre a acusação e a defesa, que levou a juíza a dissolver o Conselho de Sentença por temor de prejuízo à imparcialidade dos jurados.

Conflito no tribunal força anulação do julgamento

A sessão do tribunal do júri, que havia começado na segunda-feira (15 de abril), foi marcada por desentendimentos entre as partes. Diante dos conflitos, a juíza titular da 1ª Vara Criminal de Cuiabá, Mônica Cataria Perri Siqueira, determinou a dissolução do conselho e o encerramento antecipado do processo. Com isso, todo o julgamento foi anulado e será reiniciado do zero nesta quarta-feira (17 de abril).

A magistrada justificou a medida radical afirmando que os episódios de conflito poderiam comprometer a isenção e o entendimento dos jurados sobre o caso. Ela também fez um alerta formal aos advogados, lembrando-os da proibição de gravações durante as sessões, especialmente as que envolvessem os membros do júri.

Relembre o crime no posto de combustível

O caso que está sendo julgado remonta a abril de 2023, quando um homicídio chocou a capital mato-grossense. O crime ocorreu na conveniência de um posto de combustível localizado ao lado da Praça 8 de Abril, em Cuiabá.

Segundo as investigações, o policial militar Thiago de Souza Ruiz foi atingido por tiros e socorrido para um hospital particular. No local, médicos tentaram reanimá-lo, mas ele não resistiu aos ferimentos e morreu. A Polícia Militar informou na época que uma equipe foi ao hospital e encontrou o policial civil suspeito, que então entregou suas armas.

Mário Wilson Vieira da Silva Gonçalves foi preso em flagrante por homicídio qualificado ainda no dia do crime, após se apresentar espontaneamente na delegacia. O Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) e a Corregedoria-Geral da Polícia Civil foram acionados para apurar as circunstâncias da morte.

Novo julgamento começa com página em branco

A anulação significa que todo o processo judicial retorna à estaca zero. Um novo Conselho de Sentença será formado, e as alegações de acusação e defesa serão apresentadas novamente. A decisão da juíza reflete a extrema cautela do Poder Judiciário em garantir um julgamento justo, principalmente em casos de alta repercussão que envolvem agentes de segurança pública.

O caso continua a atrair atenção pela natureza do crime – um confronto fatal entre dois policiais – e agora também pelos percalços dentro da própria sala de tribunal, que demonstraram a tensão que cerca o processo. A expectativa é que o novo julgamento transcorra com normalidade, buscando esclarecer os fatos e aplicar a justiça.