Em uma nova ação de combate à infiltração do crime organizado no Estado, a Polícia Federal prendeu, na manhã desta terça-feira (16 de dezembro de 2025), um desembargador federal suspeito de vazar informações sigilosas de investigações para integrantes do Comando Vermelho (CV) no Rio de Janeiro.
Operação Unha e Carne 2 mira agentes públicos
A prisão do magistrado Macário Ramos Júdice Neto, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), ocorreu no âmbito da Operação Unha e Carne 2. A PF deflagrou a ação para apurar a atuação de agentes públicos no vazamento de dados confidenciais das investigações policiais para membros da facção criminosa.
O desembargador foi alvo de uma prisão preventiva decretada pela Justiça. Ele era o responsável pela condução do processo do ex-deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos, conhecido como TH Joias.
Desdobramento de investigação que prendeu presidente da ALERJ
A operação desta terça-feira é um desdobramento direto de uma investigação anterior, que resultou na prisão do presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ), Rodrigo Bacellar. Bacellar foi detido sob suspeitas de também repassar informações sigilosas a investigados, após buscas autorizadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Além da prisão do desembargador, os policiais federais cumprem dez mandados de busca e apreensão, expedidos pelo STF. Os alvos estão localizados nos estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo.
Contexto da decisão do STF sobre as Favelas
Em nota, a Polícia Federal esclareceu que a operação se insere no contexto da decisão do Supremo Tribunal Federal no julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) das Favelas. A determinação judicial ordenou que a PF conduzisse investigações sobre a atuação dos principais grupos criminosos violentos em atividade no estado e, crucialmente, suas conexões com agentes públicos.
"A ação se insere no contexto da decisão do STF no âmbito do julgamento da ADPF das Favelas que, dentre outras providências, determinou que a Polícia Federal conduzisse investigações sobre a atuação dos principais grupos criminosos violentos em atividade no estado e suas conexões com agentes públicos", afirmou a corporação.
A reportagem do Radar tentou contato com a defesa do desembargador Macário Ramos Júdice Neto para obter a versão do magistrado sobre as acusações, mas ainda não obteve retorno até o momento da publicação desta matéria.