Entre janeiro e novembro de 2024, a região do Oeste Paulista registrou um total de 120 ocorrências de desaparecimento de pessoas. Os dados, fornecidos pela Secretaria de Segurança Pública (SSP), revelam uma média de aproximadamente um caso a cada três dias, um número que mantém as autoridades em alerta constante.
Conflitos familiares: o motor dos desaparecimentos
De acordo com o delegado Claudinei Alves, da 3ª Delegacia de Polícia de Investigações sobre Homicídios, sediada em Presidente Prudente, a grande maioria desses casos tem sua origem dentro de casa. "O carro-chefe é o problema familiar, um desacerto, uma briga, uma discussão", explica o delegado em entrevista.
Segundo ele, são situações comuns como desentendimentos entre pais e filhos, onde uma das partes sai de casa para "dar uma refrescada na cabeça" e acaba sendo dada como desaparecida. O delegado alerta que, em muitos desses cenários, os conflitos podem evoluir para registros de agressão, acrescentando uma camada criminal às ocorrências.
Os números da região e o perfil dos desaparecidos
A área coberta pelo Departamento de Polícia Judiciária do Interior – 8 (Deinter 8) apresenta números preocupantes. Em 2023, foram 137 boletins de ocorrência por desaparecimento. Em 2024, até novembro, o número já chegava a 120. No mesmo período deste ano, foram registrados 450 boletins de encontro de pessoas – 124 envolvendo mulheres e 266 homens.
Conforme a SSP, a maior parte dos casos corresponde a adultos entre 18 e 59 anos, seguidos por menores de idade e idosos com 60 anos ou mais. As investigações na região são centralizadas na 3ª Delegacia de Polícia de Investigações sobre Homicídios, vinculada à Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic).
Como funciona a investigação policial
O delegado Claudinei Alves detalha o procedimento padrão. Imediatamente após o registro, a Polícia Civil abre um Procedimento Interno de Investigação (PID). "Nesse PID, a gente desenvolve as verificações e tenta localizar a pessoa da maneira que é possível de imediato", afirma.
A rotina investigativa inclui uma série de diligências técnicas:
- Levantamento de dados e pesquisas.
- Verificação de registros de telefone e sistemas de comunicação.
- Acesso a informações sobre o uso de serviços de locomoção, como aplicativos de transporte.
Alves ressalta que, antes mesmo da abertura formal do boletim, é crucial confirmar que se trata de um desaparecimento real, pois muitas vezes a pessoa está apenas na casa de um amigo ou parente sem avisar.
A importância crucial da família nas buscas
O delegado é enfático ao destacar o papel determinante que as famílias exercem no sucesso das investigações. "Só a família é sabedora", diz ele, referindo-se a informações íntimas sobre rotina, amizades, relacionamentos e locais frequentados pela pessoa desaparecida.
Esses dados são essenciais para direcionar as diligências, indicar possíveis rotas e definir prioridades na busca. Por isso, a recomendação é que, antes de acionar a polícia, a família tente contato com conhecidos, vizinhos e parentes.
Não há prazo mínimo para registrar um desaparecimento. O boletim pode ser feito presencialmente em uma delegacia ou pela Delegacia Eletrônica, sempre com o máximo de informações possíveis. Após o registro, a foto da pessoa é inserida em sistemas oficiais e as buscas continuam até que um Boletim de Encontro de Pessoa seja emitido.
O delegado finaliza com um alerta importante: "A gente reforça a necessidade de, feito o registro, também fazer o registro complementar de encontro, porque o documento dele fica bloqueado no sistema", garantindo que a situação seja regularizada quando a pessoa for localizada.