A Polícia Civil deflagrou uma operação nesta terça-feira (11) contra o casal de influenciadores digitais Pedro Vitor e Aline Cavanellas. Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos em endereços ligados aos dois em três cidades mineiras.
Operação investiga múltiplos crimes
Segundo as investigações, o casal é investigado por associação criminosa, estelionato, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e crimes contra o consumidor. A principal acusação envolve a promoção de jogos de azar ilegais através das redes sociais.
Pedro e Aline, que se casaram em setembro de 2023, possuem juntos mais de 3,6 milhões de seguidores no Instagram. Eles utilizavam suas plataformas para ostentar um estilo de vida luxuoso e supostamente vinculá-lo aos ganhos fáceis nos jogos de azar.
Estratégia de engano nas redes sociais
As investigações revelaram que os influenciadores produziam vídeos diários mostrando falsos prêmios e lucros. O conteúdo era gravado em plataformas de demonstração que apenas simulavam ganhos, criando a ilusão de que era fácil ganhar dinheiro.
"A participação dos influenciadores dava credibilidade e confiança aos seguidores, pois eles associavam seu estilo de vida de luxo à facilidade de ganhar dinheiro nas plataformas", explicou a polícia em nota.
Os alvos principais da estratégia eram pessoas de baixa renda ou em situação de vulnerabilidade social, atraídas pela promessa de "dinheiro fácil". O jogo mais promovido pelo casal era o conhecido "jogo do tigrinho".
Patrimônio milionário e tentativa de adaptação à lei
As investigações identificaram uma movimentação financeira suspeita de aproximadamente R$ 21 milhões. O patrimônio do casal inclui mais de 15 imóveis, entre os quais mansões de luxo, e sete carros.
Em outubro de 2024, Aline chegou a publicar um comunicado afirmando que seu perfil passaria a divulgar apenas sites de apostas legalizados. A justificativa era estar em conformidade com a "Lei das Bets" no Brasil.
Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Lagoa Santa, na Grande BH, Pimenta e Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas Gerais.
Dinâmica viciosa e operação internacional
De acordo com os investigadores, o jogo promovido pelo casal utiliza estética infantil e dinâmica viciante, levando os jogadores a acreditarem que podem recuperar perdas. No entanto, os algoritmos são programados para garantir lucros apenas aos donos das plataformas.
O esquema investigado envolve influenciadores, operadores e empresas estrangeiras com plataformas hospedadas fora do país, como em Malta, na Europa.
"Diferente das apostas esportivas regulamentadas, esses jogos são ilegais no Brasil por dependerem exclusivamente da sorte e operarem sem transparência", concluiu a Polícia Civil, informando que as investigações continuam.