Polícia prende suspeitos de roubo de obras de Matisse e Portinari na Biblioteca Mário de Andrade
Roubo na Biblioteca Mário de Andrade: polícia prende suspeitos

A polícia de São Paulo deu um novo passo nas investigações sobre o roubo de obras de arte de valor inestimável da Biblioteca Mário de Andrade, no centro da capital. Nesta sexta-feira (19), uma mulher de 38 anos foi presa temporariamente pela 1ª Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (Cerco), sob suspeita de envolvimento no crime ocorrido no dia 7 de dezembro.

Novas prisões e suspeito identificado

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP), as investigações continuam em andamento. A mulher presa se junta a outros dois indivíduos que já estavam detidos. Um deles, Felipe dos Santos Fernandes Quadra, de 31 anos, foi capturado no dia 8 de dezembro em uma residência no bairro da Mooca, Zona Leste de São Paulo. A Justiça determinou a manutenção da prisão dele após audiência de custódia.

Outro homem, identificado como Luís do Carmo, conhecido como "Magrão", foi preso na quinta-feira (18). Ele foi reconhecido pelas câmeras do sistema Smart Sampa, caminhando ao lado de Felipe Quadra, que carregava as obras roubadas. Essa imagem foi crucial para individualizar sua participação no assalto. Um segundo suspeito que teria adentrado a biblioteca foi identificado, mas seu nome não foi divulgado e ele permanece foragido.

As obras desaparecidas e a história do álbum "Jazz"

Os criminosos fugiram com um total de 13 gravuras: oito do álbum "Jazz", de Henri Matisse (1947), e cinco de Candido Portinari, da obra "Menino de Engenho". Até o momento, nenhuma das peças foi recuperada. Especialistas estimam que o valor do conjunto pode chegar a R$ 1 milhão.

Curiosamente, esta não é a primeira vez que as gravuras de Matisse são alvo de criminosos. Entre 2004 e 2006, o álbum "Jazz" foi furtado por um funcionário durante uma reforma na biblioteca, sem que ninguém percebesse. O ladrão substituiu as obras originais por falsificações, que circularam sem detecção até 2011, quando a Polícia Federal recuperou as pranchas originais em Puerto Iguazú, na Argentina.

Após uma batalha judicial pela restituição, o álbum retornou à Biblioteca Mário de Andrade apenas em agosto de 2015. O ex-diretor da instituição, o professor da USP Luiz Armando Bagolin, responsável por trazer as obras de volta a São Paulo, expressou choque com o novo roubo. "Tive que tomar um remédio extra para a pressão. Minha primeira reação foi achar que era fake news", relatou ao g1.

Falhas de segurança e repercussão do caso

O crime ocorreu na manhã de domingo, 7 de dezembro. Dois homens armados invadiram a biblioteca, renderam uma vigilante e um casal de idosos que visitava o local, e seguiram até a cúpula de vidro para recolher as obras. Eles colocaram as gravuras em uma sacola de lona e fugiram pela saída principal. Vigilantes acionaram policiais militares que patrulhavam a região, mas os ladrões não foram localizados no momento.

Para Bagolin, o caso expõe falhas graves. "Uma pessoa entrar armada na biblioteca e não ter ninguém do lado de fora é um absurdo... Ninguém saiu atrás dos ladrões. Tem alguma coisa muito errada", criticou. A Biblioteca Mário de Andrade é a segunda maior do país e a maior biblioteca pública da cidade de São Paulo.

Em nota, a Secretaria Municipal de Cultura informou que a exposição "Do livro ao museu: MAM São Paulo e a Biblioteca Mário de Andrade" estava coberta por seguro do tipo "All Risks". A pasta também afirmou que a biblioteca conta com um sistema de segurança monitorado, com 84 vigilantes e 24 câmeras operantes. A Interpol já foi acionada para auxiliar na localização das obras roubadas.