Arquivos de Epstein: governo Trump tem até sexta para divulgar todos os documentos
Governo Trump deve divulgar arquivos de Epstein nesta sexta

O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enfrenta um prazo final nesta sexta-feira, 19 de dezembro de 2025, para tornar públicos todos os documentos relacionados ao caso do financista Jeffrey Epstein. A obrigação é resultado da Lei de Transparência dos Arquivos Epstein, aprovada pelo Congresso americano em novembro, após meses de pressão bipartidária.

O que a lei determina e as exceções permitidas

A legislação exige a publicação de "todos os registros, documentos, comunicações e materiais de investigação não classificados" sobre o bilionário, que morreu por suicídio na prisão em 2019, onde aguardava julgamento por tráfico sexual de adolescentes. O prazo para cumprir a determinação se encerra à meia-noite de hoje.

Contudo, a lei concede uma margem de discricionariedade ao Departamento de Justiça (DOJ). A pasta pode optar por reter arquivos que identifiquem vítimas, incluindo materiais sensíveis como vídeos de abuso sexual infantil, ou documentos considerados sigilosos por questões de segurança nacional. Partes dos textos também podem ser censuradas para proteger a identidade das mulheres abusadas, ocultando nomes, rostos e cidades de residência.

No entanto, a procuradora-geral dos EUA, Pam Bondi, é obrigada a apresentar um resumo público que explique o motivo de cada informação ter sido omitida, garantindo um nível de prestação de contas à sociedade.

Relação com Trump e temores de ocultação

Existe um receio significativo, principalmente entre a oposição democrata, de que o governo utilize as cláusulas de proteção de forma abusiva para não divulgar registros que possam prejudicar o presidente Trump. A relação entre Trump e Epstein é antiga e bem documentada. Ambos frequentavam os mesmos círculos sociais de elite em Nova York e na Flórida.

Em uma entrevista à revista New York em 2002, Trump se referiu a Epstein como "fantástico" e "muito divertido de se estar por perto". Na ocasião, o então empresário afirmou que conhecia o financista havia 15 anos e fez uma declaração que hoje soa sinistra: "Dizem até que ele gosta de mulheres bonitas tanto quanto eu, e muitas delas são do tipo mais jovem".

Nas últimas semanas, o Comitê de Supervisão da Câmara dos Representantes, controlado pelos democratas, já divulgou dezenas de fotos do espólio de Epstein. As imagens incluíam, além de Trump, figuras proeminentes como o ex-estrategista Steve Bannon, o ex-presidente Bill Clinton, o cofundador da Microsoft Bill Gates, o ex-presidente de Harvard Larry Summers, o cineasta Woody Allen e o filósofo Noam Chomsky.

Contexto do caso e a pressão política atual

Jeffrey Epstein construiu uma rede de influência com milionários de Wall Street, membros da realeza – como o príncipe Andrew – e celebridades, antes de se declarar culpado por exploração sexual de menores em 2008. As acusações que o levaram à prisão em 2019 surgiram mais de uma década após um acordo judicial polêmico que o protegeu.

Como promessa de campanha, Trump afirmou que liberaria todos os documentos sobre o caso se retornasse à Casa Branca. Entretanto, quando uma primeira leva de arquivos foi publicada em janeiro, houve frustração, pois as informações já eram amplamente conhecidas. Essa demora e a percepção de falta de transparência alimentaram uma teoria da conspiração dentro de sua própria base política, a MAGA, sugerindo que o presidente estaria em uma lista secreta de beneficiários do esquema de Epstein.

Em setembro, os democratas da Câmara divulgaram uma suposta carta de aniversário de Trump para Epstein, datada de 2003, que continha um desenho de uma mulher nua e uma mensagem ambígua: "Feliz aniversário – e que cada dia seja outro segredo maravilhoso". A Casa Branca negou a autenticidade da assinatura, mas reportagens do The New York Times mostraram que a assinatura de Trump mudou ao longo dos anos e já foi similar à apresentada no bilhete.

A pressão nas redes sociais é grande, com democratas usando a plataforma X para questionar: "O que ele está escondendo? Divulgue os arquivos!". O cumprimento integral da Lei de Transparência até o final do dia de hoje é, portanto, um momento crucial para testar o compromisso do governo Trump com a transparência neste caso que chocou o mundo.