Idoso de 86 anos recebe multa pesada por gesto involuntário
Um caso incomum de aplicação da lei no Reino Unido está gerando ampla discussão sobre proporcionalidade e bom senso. Roy Marsh, um britânico de 86 anos, foi multado em 256 euros (cerca de 1,6 mil reais) após ser visto por dois agentes policiais cuspindo no chão. O episódio ocorreu em East Lindsey, Lincolnshire, na Inglaterra, e rapidamente ganhou repercussão por ser considerado excessivo pelas autoridades locais.
O incidente no parque de Skegness
Tudo aconteceu durante um passeio tranquilo no parque de Skegness. Segundo o relato do próprio idoso à BBC, uma forte rajada de vento fez com que uma folha entrasse em sua boca. Imediatamente, ele a retirou e cuspiu. "Joguei fora", recorda Marsh. Foi nesse momento que dois policiais se aproximaram e o interpelaram.
O que o senhor de 86 anos imaginou ser apenas uma advertência verbal, transformou-se em uma penalidade séria. A multa inicial foi aplicada no valor de 256 euros. Após um recurso, o valor foi reduzido para 171 euros (quase 1 mil reais), mas a despesa não foi cancelada.
Reação das autoridades e casos semelhantes
A severidade da punição foi criticada publicamente. O vereador local, Adrian Findley, descreveu a situação como um exemplo de como a polícia tem a mão muito "pesada" na aplicação da lei na cidade. "Estão exagerando", afirmou ele de forma contundente.
Em resposta, a autarquia local emitiu uma nota afirmando que suas ações de fiscalização são monitoradas de perto e que as patrulhas "não visam nenhum grupo demográfico específico" e "não são discriminatórias".
O caso de Roy Marsh, no entanto, não é isolado. Em outubro de 2025, uma mulher em Londres foi multada em 150 libras (cerca de 930 reais) por despejar um resto de café em uma sarjeta antes de entrar em um ônibus. Ela alegou que a atitude foi espontânea, para evitar derramar a bebida durante a viagem.
Um debate sobre bom senso e fiscalização
Estes episódios reacendem um debate constante sobre o equilíbrio entre a aplicação das normas de limpeza urbana e o uso do bom senso, especialmente quando envolvem situações involuntárias ou de baixo impacto. A discussão questiona se o rigor da lei deve ser aplicado de forma igualitária em todos os contextos, ou se fatores como a intenção e as circunstâncias deveriam ser mais considerados.
O caso do idoso britânico ilustra o choque entre a letra da lei e a percepção pública de justiça, deixando a questão em aberto: onde traçar a linha entre a educação cívica e uma punição considerada desproporcional?
