Uma partida de videogame online se transformou em uma ferramenta crucial para a polícia impedir um assalto e prender criminosos em Guaíra, no oeste do Paraná. O fato inusitado aconteceu na noite de sexta-feira, 12 de julho, por volta das 22h19, no bairro Parque Anhembi, e teve como protagonista uma criança de apenas 10 anos.
O alerta dado durante o jogo
A criança estava jogando Fortnite, um popular jogo onde até 100 jogadores competem em uma ilha virtual, quando a situação real se intrometeu na partida. Através do áudio aberto do jogo, o menino ouviu vozes ao fundo, na casa de seu amigo, anunciando um roubo e rendendo os moradores. Imediatamente, ele relatou o ocorrido ao seu pai.
O pai, então, entrou em contato com o Centro de Operações Policiais Militares (Copom) para denunciar a situação. Mesmo sem saber o endereço exato da residência invadida, ele conseguiu informar a região aproximada e uma característica importante: o morador possuía uma caminhonete preta.
Ação policial rápida e prisões
Com base nas informações repassadas, as equipes da Polícia Militar iniciaram buscas na região. Os dados também foram enviados à Rádio Patrulha Auto (RPA), que seguiu em direção às imediações da Ponte Ayrton Senna, uma rota conhecida para fuga e envio de veículos ao Paraguai.
A estratégia deu certo. A caminhonete preta foi localizada e abordada, resultando na prisão do condutor. A partir da consulta da placa do veículo, os policiais conseguiram identificar o endereço exato das vítimas e despacharam outra equipe para o local do crime.
Cena de terror dentro da casa
Ao chegarem ao imóvel, os policiais encontraram a porta entreaberta e as luzes acesas, mas não ouviam pedidos de socorro. Com o apoio da Guarda Municipal, a equipe adentrou a residência seguindo os protocolos de segurança. Lá dentro, um segundo suspeito foi localizado e se rendeu.
A cena encontrada foi de grande violência. As vítimas, os proprietários da casa, estavam amarradas – uma na sala e outra em um dos quartos. Durante as buscas no local, os policiais apreenderam um revólver calibre .38, municiado com três balas intactas. O suspeito preso dentro de casa assumiu a posse da arma.
O delegado da Polícia Civil do Paraná (PCPR), Ildelúcio Oliveira Melo, detalhou a crueldade do crime. "A mãe e o pai, os proprietários da casa, foram amarrados enquanto os filhos foram ameaçados", relatou. "Um detalhe que mostra a crueldade desses criminosos é que, durante mais ou menos 40 minutos, houve essa tortura psicológica e esse criminoso chegou a apontar a arma para a cabeça da adolescente de 16 anos, dizendo que se ela olhasse para ele, ele ia atirar bem no olho dela."
Desfecho e investigações
Os dois homens envolvidos no assalto foram presos em flagrante. O homem encontrado dentro da residência foi levado, junto com o armamento apreendido, para a 13ª Delegacia Regional de Polícia de Guaíra. O caso segue sob investigação da Polícia Civil do Paraná, que apura todos os detalhes da ação criminosa e a possível participação de outras pessoas.
O episódio chama a atenção não apenas pela violência, mas pelo inusitado meio que levou à prisão dos criminosos: a conexão de áudio de um jogo online, que permitiu que uma criança, a quilômetros de distância, se tornasse testemunha ocular – ou melhor, auditiva – de um crime e acionasse as autoridades.