Duas estudantes da Universidade Brown, nos Estados Unidos, foram forçadas a reviver um pesadelo familiar no último sábado, 13 de dezembro de 2025. Zoe Weissman, de 20 anos, e Mia Tretta, de 21, ambas sobreviventes de tiroteios em massa durante o período escolar, testemunharam mais uma vez o caos e o medo durante um atentado no campus da prestigiada instituição.
Um passado de violência que se repete
A pergunta que ecoa na mente de Zoe Weissman sintetiza a angústia de quem vive a tragédia pela segunda vez. “O que mais tenho sentido é algo do tipo: como esse país ousa permitir que isso aconteça com alguém como eu duas vezes?”, questionou a jovem em entrevista. Aos 12 anos, Weissman estava em frente à Marjory Stoneman Douglas High School, na Flórida, em 2018, quando um atirador matou 17 pessoas e feriu outras 18. O episódio lhe causou transtorno de estresse pós-traumático.
No sábado, ela estava em seu dormitório na Brown quando a violência irrompeu. “A princípio, entrei em pânico... Depois mandei mensagem para todos os meus amigos”, relatou, descrevendo o instinto de proteger a si mesma e aos colegas. A estudante do segundo ano expressou raiva por ter que enfrentar a mesma situação novamente.
Fuga por cansaço e um trauma reaberto
A história de Mia Tretta é igualmente marcante. Em novembro de 2019, ela foi baleada no abdômen durante um ataque na Saugus High School, na Califórnia, onde um estudante de 16 anos matou duas pessoas. “Nunca mais fui a mesma pessoa que era naquele dia. E presumo que não será diferente para os alunos da Brown”, lamentou Tretta à NBC.
Ironia do destino, a escolha pela Brown foi motivada pela busca por segurança, devido ao tamanho menor do campus. No dia do ataque, um cansaço inesperado a salvou de testemunhar o massacre de perto. Ela desistiu de estudar no edifício Barus and Holley, justamente o local onde o atirador abriu fogo às 16h05 (horário local), resultando em duas mortes e nove feridos.
Para Tretta, a experiência recente foi ainda mais aterrorizante devido à incerteza sobre a identidade e paradeiro do autor. Diferentemente do ataque em sua escola anterior, onde o atirador foi localizado rapidamente, o responsável pelo atentado na Brown fugiu e, até o momento, ninguém foi formalmente acusado.
Um campus em luto e perguntas sem resposta
A presidente da Universidade Brown, Christina Paxson, emitiu uma nota expressando a “profunda tristeza” da comunidade. O atentado, cujo primeiro alerta foi dado pela universidade menos de vinte minutos após os primeiros tiros, deixou marcas profundas.
As autoridades policiais detiveram um suspeito no domingo, 14, mas o liberaram sem acusações. A investigação segue sem um motivo claro para o crime, mantendo a comunidade em alerta e as duas jovens sobreviventes em um estado de vulnerabilidade renovado.
A trajetória de Mia e Zoe levanta questões urgentes sobre a exposição repetida de uma geração à violência armada e a capacidade das instituições em oferecer segurança. Enquanto o luto se instala no campus da Ivy League, a resiliência dessas estudantes é posta à prova mais uma vez, em um país onde a tragédia, para algumas, infelizmente, não é um evento isolado, mas um ciclo.