O governo dos Estados Unidos tomou uma medida drástica contra o crime organizado colombiano. Nesta terça-feira, 16 de dezembro de 2025, a administração do presidente Donald Trump designou oficialmente o Clã do Golfo como uma organização terrorista.
Uma decisão com peso internacional
O anúncio foi feito através de um comunicado publicado no site do Departamento do Tesouro americano. A ação insere a facção, atualmente o maior grupo armado ilegal da Colômbia, na lista de alvos prioritários de Washington no combate ao narcotráfico e ao crime transnacional.
Em nota oficial, o secretário de Estado, Marco Rubio, descreveu o Clã do Golfo como uma “organização criminosa violenta e poderosa”, cuja principal fonte de renda é o tráfico de cocaína. Rubio também responsabilizou o grupo por ataques considerados terroristas em território colombiano.
“Os Estados Unidos continuarão a usar todas as ferramentas disponíveis para proteger nossa nação e impedir campanhas de violência e terror promovidas por cartéis internacionais e organizações criminosas transnacionais”, afirmou o secretário.
Consequências imediatas e ampliação de sanções
Segundo a Casa Branca, a designação tem efeitos concretos e amplos. Ela aumenta significativamente os custos e as punições para qualquer indivíduo, empresa ou país que ofereça suporte ao grupo. Para os EUA, o Clã do Golfo é um dos principais responsáveis pelo fluxo de drogas e pelo tráfico de migrantes em direção à sua fronteira.
Esta decisão aprofonda uma estratégia que Washington vem adotando nos últimos anos: enquadrar facções criminosas latino-americanas como organizações terroristas. Em 2024, ainda durante o governo de Joe Biden, os Estados Unidos já haviam imposto sanções aos principais líderes do grupo.
Um obstáculo nas negociações de paz de Petro
A medida americana chega em um momento particularmente delicado. Ela coincide com as negociações entre o Clã do Golfo e o governo do presidente colombiano, Gustavo Petro. Os diálogos acontecem no Catar e fazem parte do controverso plano de “paz total” do mandatário de esquerda, que busca encerrar décadas de conflito armado no país. O mandato de Petro termina em agosto de 2026.
O negociador-chefe do governo colombiano já afirmou que, em caso de acordo, os principais líderes do grupo teriam de cumprir penas de prisão. O objetivo das autoridades colombianas é tornar os avanços nas conversas “irreversíveis” antes da posse de um novo governo.
No entanto, o novo status concedido pelos EUA cria um sério obstáculo. Apesar de tentar se apresentar como um ator político – mudando seu nome para Exército Gaitanista da Colômbia –, o Clã do Golfo não é amplamente reconhecido como um grupo com objetivos políticos claros. O rótulo de organização terrorista imposto pela maior potência mundial enfraquece ainda mais sua posição à mesa de negociação e complica os esforços de paz do presidente Petro.