Greve de ônibus em Campo Grande chega ao 4º dia e Justiça determina intervenção
Greve de ônibus em Campo Grande chega ao 4º dia

A paralisação dos motoristas de ônibus em Campo Grande atingiu o quarto dia consecutivo nesta quinta-feira, 18 de janeiro, mantendo o transporte coletivo da capital paralisado. A greve, que começou por atrasos salariais, impacta diretamente cerca de 110 mil usuários e envolve aproximadamente mil trabalhadores do Consórcio Guaicurus.

O impasse financeiro e a decisão judicial

O movimento paredista foi deflagrado após sucessivos atrasos no pagamento de salários, vale-benefícios e do 13º salário dos motoristas. A Justiça do Trabalho, em uma audiência de conciliação, determinou o retorno imediato das operações. No entanto, a categoria rejeitou a decisão e condicionou o fim da greve ao pagamento integral dos valores devidos.

O conflito se intensificou com uma troca de acusações públicas entre a prefeitura e o Consórcio Guaicurus. A empresa alega que o município possui uma dívida de R$ 39 milhões, referente à diferença entre a tarifa pública cobrada ao usuário (R$ 4,95) e a tarifa técnica prevista em contrato (R$ 6,57). Por outro lado, a prefeitura, através da Agência Municipal de Regulação (Agereg), nega qualquer pendência, afirmando que todos os repasses estão em dia e que, apenas em 2025, já foram pagos mais de R$ 35 milhões em subsídios.

Consequências e medidas extremas

O impacto da paralisação já é sentido na economia local. A Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) estima um prejuízo de cerca de R$ 10 milhões para o comércio e o setor de serviços, devido à dificuldade de deslocamento de trabalhadores e consumidores.

Diante do impasse, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul determinou uma intervenção no contrato do transporte coletivo. A decisão obriga a prefeitura e as agências reguladoras a nomearem um interventor e apresentarem um plano para normalizar o serviço em um prazo máximo de 30 dias. O descumprimento da ordem acarretará uma multa diária de R$ 300 mil.

Investigações em andamento

Paralelamente, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) abriu um inquérito civil para apurar possíveis irregularidades apontadas pela CPI do Transporte Público da Câmara Municipal. A investigação visa verificar eventuais falhas na contratação do Consórcio Guaicurus e possíveis danos ao patrimônio público.

Enquanto as partes não chegam a um acordo, a população de Campo Grande continua enfrentando grandes transtornos em sua mobilidade urbana, e a crise no transporte coletivo expõe uma disputa financeira complexa que ainda busca uma solução definitiva.