Um intenso temporal que atingiu a Baixada Santista na tarde de terça-feira (16) provocou um grave alagamento na Rodovia Cônego Domênico Rangoni, resultando em um congestionamento de aproximadamente 20 quilômetros e deixando centenas de motoristas presos no trânsito por até seis horas. A situação caótica só foi totalmente normalizada na madrugada desta quarta-feira (17), após a interdição parcial da via por cerca de nove horas.
Caos no asfalto: motoristas relatam desespero e falta de suporte
Entre os milhares afetados pelo caos estava o médico Luís Piovezani. Ele gravou um vídeo por volta das 21h50, após já estar parado no trânsito desde as 17h30. "Parado já há um tempo... Não tenho previsão de chegar, não tem previsão de liberar a pista", lamentou, descrevendo-se como cansado e exausto. Piovezani relatou ainda ter visto, à sua frente, carros completamente alagados, com água atingindo o teto dos veículos.
A empresária Renata Munuera também vivenciou a situação desesperadora. Ela criticou a falta de um plano de contingência eficiente para os usuários presos. "Como a gente fica aqui sem comida, sem água, sem banheiro, sem suporte, sem polícia, sem nada? A gente está sem nada, a gente está aqui parado, no nada", questionou.
Causas do alagamento e resposta da concessionária
Em nota, a Ecovias Imigrantes, concessionária que administra o trecho, explicou que o alagamento foi causado por uma combinação de fatores: fortes chuvas, maré alta e o transbordamento de um córrego que passa entre as pistas. A empresa ressaltou que não havia obras em andamento e que o pavimento estava em boas condições, atribuindo o evento exclusivamente ao volume de água.
De acordo com a Defesa Civil de Cubatão, foi registrado um acumulado de 98,8 mm de chuva em 24 horas no ponto específico da rodovia. O bloqueio total em uma das faixas começou às 17h16 de terça e só foi encerrado por volta das 2h20 da quarta-feira, conforme a Agência Reguladora de Transportes do Estado de São Paulo (Artesp).
Atendimento dificultado e normalização gradual
A Ecovias informou que suas equipes tentaram prestar atendimento, distribuindo água e oferecendo apoio operacional onde foi possível acessar com segurança. No entanto, a empresa admitiu que o bloqueio total da rodovia e o travamento do sistema viário urbano do entorno dificultaram significativamente a mobilidade das equipes, impedindo um atendimento pleno a todos os usuários.
O alagamento teve início por volta das 17h20. A situação começou a ser normalizada por volta da meia-noite, após o escoamento da água e a liberação gradual das faixas. "No entanto, em vários momentos, quando a água baixou um pouco, os veículos represados começaram a se movimentar", detalhou a concessionária. A Ecovias afirmou lamentar os transtornos e disse que avalia continuamente melhorias nos protocolos para eventos climáticos extremos.
O episódio expôs a vulnerabilidade da infraestrutura viária diante de fenômenos climáticos intensos, deixando claro a necessidade de protocolos de emergência mais ágeis e eficazes para proteger e assistir os cidadãos em situações de crise.