O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), indicou que não atenderá ao pedido do Partido Liberal (PL) para adiar a apreciação do processo que pode levar à cassação do mandato do deputado Alexandre Ramagem. A posição foi dada a jornalistas nesta segunda-feira, 15 de dezembro de 2025.
PL tenta adiar votação, mas Motta mantém cronograma
Mais cedo, o líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante, havia afirmado que usaria uma reunião de líderes partidários para solicitar o adiamento da votação. O objetivo do partido era que o tema não fosse apreciado ainda em 2025. No entanto, Hugo Motta sinalizou que pretende resolver a questão ainda neste ano, antes do início do recesso parlamentar.
“Estamos conduzindo da melhor forma para que uma posição sobre o caso do Ramagem possa ser dada antes do recesso”, declarou Motta, deixando claro que o processo seguirá seu curso normal no calendário da Casa.
Contexto: a condenação de Ramagem pelo STF
A necessidade de a Câmara deliberar sobre a perda de mandato de Alexandre Ramagem surge de uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). O ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no governo de Jair Bolsonaro foi condenado por participação em atos golpistas após as eleições de 2022.
Além da condenação penal, o STF determinou que a Câmara dos Deputados declarasse a perda do mandato parlamentar do bolsonarista. A decisão do Supremo transferiu para o Legislativo a responsabilidade formal de executar a cassação.
Próximos passos e impacto político
A manutenção do cronograma por Hugo Motta coloca a votação na pauta de fim de ano da Câmara. A decisão do presidente demonstra alinhamento com a determinação judicial e reduz a margem para manobras dilatórias. O desfecho do caso é aguardado com atenção, pois representa mais um capítulo nas consequências jurídicas e políticas dos atos investigados após os eventos de 8 de janeiro de 2023.
O andamento do processo agora depende da articulação política e da formação de maioria no plenário para votar a perda de mandato, um procedimento que deve gerar debates acalorados entre a base governista e a oposição.