Ministro Mendonça suspende julgamento de governador após contratação milionária de seu instituto por Roraima
Mendonça suspende julgamento após estado contratar seu instituto

Um caso que mistra Justiça e política está causando rebuliço no Supremo Tribunal Federal. O ministro Mendonça Filho decidiu suspender o julgamento do governador de Roraima, Antonio Denarium, após revelar que o estado contratou seu instituto privado para prestação de serviços.

Contrato milionário gera conflito de interesses

O episódio aconteceu durante a sessão virtual da Primeira Turma do STF, quando Mendonça Filho se declarou suspeito para analisar o caso envolvendo o governador. A revelação veio à tona: Roraima firmou contrato de R$ 300 mil com o Instituto Brasil Democrático, organização presidida pelo próprio ministro.

"Tomei conhecimento de que o estado de Roraima celebrou contrato com o Instituto Brasil Democrático, do qual sou presidente, ainda que não remunerado", justificou o ministro em sua decisão.

Detalhes do contrato polêmico

O acordo entre o governo de Roraima e o instituto do ministro foi formalizado em 18 de março de 2024, com validade até 31 de dezembro de 2025. O valor total do contrato alcança R$ 299.850,00, destinados à prestação de serviços de consultoria.

O Instituto Brasil Democrático tem como objetivo promover debates sobre temas relevantes para o desenvolvimento nacional, segundo seu estatuto. Porém, a contratação por um estado que tem processo pendente no STF levantou questões éticas imediatas.

Julgamento paralisado

Com a declaração de suspeição de Mendonça Filho, o processo contra Denarium ficou temporariamente paralisado. O governador de Roraima responde a ações que questionam sua eleição, tornando a situação ainda mais delicada.

O ministro afirmou que não tinha conhecimento prévio do contrato e que tomou a decisão de se declarar suspeito assim que foi informado sobre os detalhes do acordo.

Repercussão no meio jurídico

Especialistas em direito constitucional apontam que a atitude do ministro foi correta do ponto de vista legal, mas questionam a falta de controles preventivos para evitar esse tipo de situação.

"A declaração de suspeição era necessária, porém o caso expõe fragilidades no sistema de prevenção a conflitos de interesses no Judiciário", analisa um professor de direito constitucional que preferiu não se identificar.

Transparência ou conflito?

O episódio reacende o debate sobre a relação entre membros do Judiciário e instituições privadas. Embora a legislação permita que ministros e juízes participem de entidades do terceiro setor, casos como este colocam em cheque a percepção pública de imparcialidade.

A sociedade agora aguarda os próximos capítulos desta história que envolve um dos cargos mais importantes do Judiciário brasileiro e um governador de estado.