Mensagens revelam intimidade entre ex-presidente da Alerj e juiz preso
Intimidade entre Rodrigo Bacellar e juiz Macário Judice em mensagens

Uma investigação da Polícia Federal (PF) trouxe à tona uma série de conversas privadas que revelam um vínculo de extrema intimidade entre o então presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar, e o juiz federal Macário Judice Neto. O magistrado foi preso nesta terça-feira (16) sob suspeita de irregularidades em um caso que envolve o ex-deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos, o TH Joias.

O conteúdo das conversas

Os diálogos, que constam em uma representação da PF ao Ministério Público Federal (MPF), foram recuperados dos aparelhos de Bacellar e abrangem o período de outubro a dezembro de 2025. Eles mostram um relacionamento próximo, com trocas de afeto e referências a assuntos pessoais e políticos.

Entre os trechos divulgados, destacam-se mensagens como "Te amo", enviada por Macário Judice, com a resposta de Bacellar: "Deus te abençoe irmão" e "Sou teu fã". Em outra ocasião, Bacellar se refere ao juiz como "irmão de vida" e fala em "amizade pra vida e reciprocidade".

O contexto da investigação

A prisão do juiz Macário Judice Neto está relacionada à suspeita de que ele teria vazado informações sobre uma operação policial. De acordo com as investigações, o magistrado, que era relator do caso do ex-deputado TH Joias, teria alertado Rodrigo Bacellar sobre a ação. Bacellar, por sua vez, supostamente repassou o alerta ao próprio TH Joias, que responde a processos por suposta ligação com a facção criminosa Comando Vermelho.

As defesas de todos os envolvidos negam as acusações. As conversas, no entanto, detalham a dinâmica da relação. Em um áudio de 2 de novembro, Macário pergunta sobre a saúde do pai de Bacellar. Em outro momento, discutem política, com Bacellar afirmando: "Se ele quiser me enfrentar bebo sangue dele irmão" e "Sou da roça amo brigar com peixeira na mão", ao que o juiz responde: "Evitemos esse embate".

Pedidos pessoais e encontros marcados

Os diálogos também transitam pelo cotidiano. Em 30 de novembro, o juiz pede a Bacellar quatro ingressos para um jogo do Flamengo contra o Ceará. O então presidente da Alerj responde: "Nem que eu arrebente o portão darei um jeito", garantindo depois que resolveria o assunto através da SUDERJ.

Os encontros pessoais são frequentemente marcados. Macário Judice comenta em um áudio: "nós temos que sentar pra bater um papo". A promessa de lealdade é explícita em uma mensagem de Bacellar de 2 de dezembro: "Sempre que precisar to aqui pra qq parada em especial na hora ruim", com o juiz respondendo: "Tenho certeza".

A grafia original das mensagens, incluindo abreviações e emojis, foi mantida nos autos do inquérito. O material agora integra o conjunto de provas que a Polícia Federal e o MPF avaliam para dar continuidade às investigações sobre possível obstrução da justiça e quebra de sigilo processual.