Em um embate que chama atenção nos círculos jurídicos e políticos brasileiros, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, saiu em defesa da decisão da corte sobre a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) das Favelas. O magistrado respondeu diretamente às críticas feitas pelo ministro da Justiça, Wellington Castro, em entrevista à Veja.
O que está em jogo na ADPF das Favelas
A decisão do STF, tomada pelo ministro Luís Roberto Barroso, estabeleceu importantes limitações às operações policiais em comunidades do Rio de Janeiro. Entre as principais determinações estão:
- Proibição de operações durante a noite, exceto em casos excepcionais
- Exigência de planejamento prévio com objetivos claros
- Comunicação obrigatória ao Ministério Público sobre as ações
- Preservação de serviços essenciais como escolas e unidades de saúde
A resposta de Gilmar às críticas
O ministro da Justiça, Wellington Castro, havia classificado a decisão como "inviável" e "descolada da realidade", argumentando que as operações policiais não podem ser submetidas a tantas regras. Em resposta, Gilmar Mendes foi enfático:
"O Supremo não está a serviço de qualquer governo ou posição política. Nossa função é garantir direitos fundamentais e a Constituição", declarou o ministro.
Mendes destacou que a decisão busca equilibrar a segurança pública com o respeito aos direitos humanos, lembrando que operações policiais têm causado mortes de inocentes nas comunidades.
O contexto do conflito institucional
Este não é o primeiro enfrentamento entre o STF e o Ministério da Justiça sobre o tema. A ADPF das Favelas foi proposta em 2020, após a morte de uma criança durante uma operação no Complexo do Alemão.
Gilmar Mendes ressaltou que o Supremo não está impedindo operações policiais, mas estabelecendo parâmetros constitucionais para sua execução. "Trata-se de assegurar que o Estado atue dentro da legalidade, sem violar direitos básicos da população", explicou.
Próximos desdobramentos
O tema deve continuar em discussão no STF, com possibilidade de novos recursos e manifestações. Enquanto isso, as operações policiais no Rio seguem sob as regras estabelecidas pela corte, gerando debates acalorados sobre segurança pública e direitos fundamentais.
O embate entre Gilmar Mendes e Wellington Castro ilustra a tensão permanente entre os Poderes na definição de políticas de segurança que sejam eficazes e, ao mesmo tempo, respeitem os limites constitucionais.