Flávio Bolsonaro intensifica ataque a Alexandre de Moraes após decisão do STF
Flávio Bolsonaro sobe tom contra Moraes após STF

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) decidiu elevar drasticamente o nível do confronto com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A reação veio após a Corte manter o ex-presidente Jair Bolsonaro na carceragem da Polícia Federal, negando um pedido para que ele fosse transferido para um hospital.

Crítica direta e mudança de postura

Ao classificar a decisão que impede o pai de ir a um hospital como uma "sentença de morte", Flávio não se limitou a criticar um ato judicial. Ele personalizou o embate, deslocando a discussão do campo técnico-jurídico para o terreno político e emocional. Essa não é a primeira vez que a saúde de Jair Bolsonaro é utilizada como um ativo político pelo bolsonarismo, uma estratégia acionada em momentos de cerco institucional.

A diferença agora, segundo análise, está no contexto e na postura do senador. Flávio já não fala apenas como um filho indignado, mas começa a se posicionar como um herdeiro político que precisa ser um porta-voz ativo de um capital político específico.

Timing político e pesquisa eleitoral

A mudança de tom não foi casual. Ela coincide com a divulgação de uma nova pesquisa Genial/Quaest, datada de 16 de dezembro de 2025. Pela primeira vez, o levantamento coloca Flávio Bolsonaro em uma posição competitiva dentro do próprio campo da direita.

Os números mostram o senador com desempenho melhor que o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em cenários de primeiro turno. Em simulações de segundo turno contra o presidente Lula, Flávio apresenta resultados semelhantes aos de Tarcísio, o que desmonta um dos principais argumentos a favor do governador paulista.

Estratégia de afirmação e seus riscos

O momento escolhido para enfrentar Alexandre de Moraes – ministro visto como um símbolo de resistência para a base bolsonarista – é estratégico. Ao fazê-lo, Flávio fala diretamente ao eleitorado mais fiel do pai e se apresenta como alguém disposto a assumir os conflitos que sempre definiram esse espectro político. Não se trata mais de uma mera reação, mas de uma afirmação de protagonismo.

Esse movimento, no entanto, carrega riscos evidentes. Radicalizar o discurso pode estreitar pontes com outros setores e reforçar uma estratégia já conhecida do clã Bolsonaro, baseada no confronto permanente e na narrativa de vitimização.

Por outro lado, a postura agressiva revela uma novidade: Flávio Bolsonaro parece não estar mais atuando apenas na defensiva familiar. Ele agora age como quem acredita que o embate direto pode render dividendos políticos e que seu nome merece ser testado à luz do dia, como uma alternativa viável dentro da direita brasileira.