Alcolumbre e Wagner retomam diálogo no Senado após meses de gelo político
Alcolumbre e Wagner conversam após rompimento no Senado

O clima ainda é de cautela e certo distanciamento, mas um passo importante foi dado para descongelar uma das relações mais tensas do Congresso Nacional. Nesta quarta-feira, 17 de dezembro de 2025, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e o líder do governo na Casa, Jaques Wagner, conversaram pela primeira vez desde um grave desentendimento ocorrido em outubro.

O encontro que quebrou o silêncio

O reencontro ocorreu no plenário do Senado Federal durante a sessão da tarde. Após um longo período sem qualquer contato direto, os dois parlamentares se cruzaram e trocaram algumas palavras. Apesar de breve, o diálogo marca o fim de um boicote pessoal e político que durava aproximadamente dois meses, iniciado na esteira de polêmicas declarações de Wagner.

A origem do conflito: a vaga no Supremo

A raiz do rompimento está diretamente ligada à indicação do ministro Jorge Messias para o Supremo Tribunal Federal (STF) pelo presidente Lula. Na ocasião, Alcolumbre se reuniu com Lula para discutir a escolha. O presidente do Senado era favorável ao nome do então presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco.

O problema surgiu quando Jaques Wagner, líder do governo, vazou o teor da conversa entre Alcolumbre e Lula para a imprensa. A atitude foi vista pelo chefe do Legislativo como uma traição e uma manobra para frear sua articulação em favor de Pacheco. As declarações públicas de Wagner sobre o episódio foram consideradas ofensivas por Alcolumbre, que decidiu cortar relações.

Na época, aliados próximos ao senador relataram que ele definiu o rompimento com Wagner como "pessoal e político", indicando que a mágoa transcendia as meras divergências de bastidor.

Um possível degelo no clima natalino

O reatamento do diálogo, ainda que inicial, sugere que o espírito de final de ano pode estar influenciando os ânimos na capital federal. Como se costuma dizer na política, não há mágoa que dure para sempre. O gesto de aproximação no plenário é interpretado por observadores como um sinal de que ambos entendem a necessidade de uma relação funcional para a governabilidade em 2026.

O episódio ilustra como questões de confiança e lealdade podem paralisar relações cruciais no alto escalão do poder. A capacidade de superar esses atritos, mesmo que gradualmente, é fundamental para o funcionamento das instituições. O caminho para uma reconciliação plena ainda parece longo, mas o primeiro passo, que é o diálogo, foi finalmente dado.