O governo da Venezuela anunciou a libertação de pelo menos 99 pessoas durante o período do Natal. Esses indivíduos estavam detidos por participação nos protestos que seguiram as eleições presidenciais de julho de 2024, que reelegeu Nicolás Maduro em meio a uma crise política.
Detenções em meio a crise política pós-eleição
O Ministério dos Serviços Penitenciários informou, nesta sexta-feira (26 de dezembro de 2025), que a decisão partiu do governo nacional e do sistema judiciário. As autoridades avaliaram cada caso e, de acordo com a lei, concederam medidas cautelares, o que resultou na soltura dos 99 cidadãos.
Segundo o comunicado oficial, essas pessoas estavam presas "por sua participação em atos de violência e incitação ao ódio após as eleições de 28 de julho de 2024". A vitória de Maduro, que o manteve no poder, nunca teve o resultado confirmado com as atas do pleito, o que desencadeou uma onda de manifestações no país.
Perfil de uma das libertadas: o caso de Marggie Orozco
Entre os presos que recuperaram a liberdade está Marggie Orozco, de 65 anos. Sua condenação chamou a atenção internacional: ela recebeu pena de 30 anos de detenção por crimes como "traição, incitamento ao ódio e conspiração". O motivo? Ter criticado o presidente Maduro em uma mensagem de áudio.
O caso de Orozco foi revelado pela organização não governamental Justiça, Encontro e Perdão à agência de notícias AFP. Ele ilustra a severidade das respostas judiciais aos opositores do governo após os comícios de 2024.
Contexto das prisões e números da libertação
Os protestos contra a reeleição de Maduro levaram à prisão de aproximadamente 2,4 mil pessoas, classificadas pelo próprio presidente como "terroristas". Desde então, dados oficiais indicam que cerca de 2 mil manifestantes já foram postos em liberdade.
A libertação natalina de 99 indivíduos representa, portanto, mais um capítulo no desenrolar dessa crise política. A medida é apresentada pelo governo como um ato de avaliação caso a caso e de aplicação da lei, enquanto observadores internacionais e organizações de direitos humanos acompanham a situação.
A decisão ocorre em um momento simbólico, o Natal, e afeta diretamente dezenas de famílias que aguardavam pela soltura de seus entes queridos, presos no contexto da turbulência política venezuelana.