O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, concedeu nesta sexta-feira (28) um polêmico indulto ao ex-presidente hondurenho Juan Orlando Hernández, que cumpria pena de 45 anos por tráfico internacional de drogas. A medida representa uma intervenção direta na política de Honduras às vésperas das eleições presidenciais do domingo (30).
Condenação por narcotráfico
Juan Orlando Hernández foi condenado em março de 2024 por um tribunal de Nova York por facilitar o envio de centenas de toneladas de cocaína para os Estados Unidos. As investigações revelaram que as atividades criminosas começaram em 2004, antes mesmo de ele assumir a presidência de Honduras.
Segundo as autoridades americanas, a rota do narcotráfico utilizava Honduras como ponto de passagem para cargas provenientes principalmente da Colômbia e Venezuela. Hernández foi extraditado para os Estados Unidos poucas semanas após deixar o cargo em 2022, quando Xiomara Castro assumiu a presidência hondurenha.
Intervenção eleitoral e ameaças
Trump anunciou o indulto através de uma publicação em suas redes sociais e não poupou críticas aos demais candidatos nas eleições hondurenhas. O ex-presidente americano declarou apoio a Nasry Asfura, candidato do Partido Nacional, mesma legenda de Hernández.
Em sua declaração na plataforma Truth Social, Trump foi enfático: "Se ele não ganhar, os Estados Unidos não desperdiçarão mais dinheiro, porque um líder errado só pode trazer resultados catastróficos a um país, seja qual for".
Asfura, empresário da construção civil de 67 anos e ex-prefeito da capital hondurenha, enfrenta uma disputa acirrada contra a advogada Rixi Moncada, do governista Partido Livre, e contra o apresentador Salvador Nasralla, do Partido Liberal.
Justificativa controversa
Trump defendeu sua decisão afirmando que Hernández foi "tratado de forma muito dura e injusta", segundo pessoas que ele disse respeitar. Esta posição contrasta radicalmente com a do governo Biden, cujo então procurador-geral Merrick Garland afirmou que o ex-presidente hondurenho "abusou de seu poder para apoiar uma das maiores e mais violentas conspirações de narcotráfico do mundo".
Após o anúncio do indulto, o candidato Asfura rapidamente se distanciou de Hernández, declarando à AFP que não tem "nenhuma vinculação" com o ex-presidente. "Ele foi presidente da República. O partido não é responsável por ações pessoais", afirmou por telefone.
O indulto ocorre simultaneamente à movimentação militar dos Estados Unidos no Mar do Caribe e no Oceano Pacífico, operação que Washington afirma ter como objetivo combater o tráfico de drogas. Desde setembro, forças americanas atacaram mais de 20 embarcações e mataram ao menos 83 pessoas em águas internacionais.