O presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou uma análise contundente sobre o avanço da extrema direita no cenário global durante evento no Palácio do Planalto nesta quarta-feira, 26 de novembro de 2025. Em seu discurso, o mandatário vinculou diretamente esse crescimento à descrença popular nos sistemas democráticos atuais.
Democracia além do voto
Lula argumentou que a democracia tem sido reduzida excessivamente ao simples ato de votar, sem conseguir oferecer condições básicas de bem-estar para a sociedade. "A extrema direita está crescendo porque o povo deixou de acreditar na democracia que nós falamos tanto", afirmou o presidente durante a cerimônia que sancionou a isenção do Imposto de Renda para cidadãos que recebem até cinco mil reais mensais.
O conceito democrático, segundo Lula, deve englobar muito mais do que as eleições periódicas. "A democracia não pode ter uma palavra, o direito de votar. É mais do que isso. É o direito de votar e o direito de controlar em quem votou", ressaltou o petista, defendendo maior responsabilização dos governantes perante a população que os elegeu.
Direitos sociais como fundamento democrático
O presidente foi enfático ao defender que os direitos sociais constituem parte fundamental de qualquer regime democrático verdadeiro. Em sua visão, a democracia deve garantir não apenas participação política, mas também condições materiais básicas para existência digna.
"É o direito de votar, mas é o direito de comer, de trabalhar, de estudar, de ter acesso à cultura, ao lazer. É isso que é a democracia", declarou Lula durante o evento. O mandatário reforçou que o sistema perde completamente sua efetividade quando não consegue responder às necessidades mais elementares dos cidadãos.
Insatisfação alimenta extremismos
Lula alertou que a insatisfação popular com resultados concretos abre espaço para discursos extremistas e soluções autoritárias. "Do que adianta o regime democrático se eu estou com fome? Nada", questionou, salientando a conexão direta entre privação material e vulnerabilidade a propostas políticas radicais.
O presidente complementou dizendo que a recomposição da confiança pública depende fundamentalmente da capacidade do Estado em implementar políticas que reduzam desigualdades e restabeleçam perspectivas reais de ascensão social. "É isso que nós temos que aprender pra consertar esse país", concluiu Lula, enfatizando a necessidade de ações concretas que restaurem a fé das pessoas nas instituições democráticas.
A análise presidencial ocorre em momento de crescente preocupação com movimentos extremistas em diversas democracias ocidentais, colocando em debate os limites e potencialidades do sistema democrático contemporâneo.