Trump indulta ex-presidente condenado e apoia candidato em eleição apertada de Honduras
Ex-presidente de Honduras é indultado por Trump antes de eleição

Um indulto presidencial controverso e uma eleição presidencial extremamente apertada colocam Honduras no centro de um turbilhão político internacional. O ex-presidente do país, Juan Orlando Hernández, condenado a 45 anos de prisão por narcotráfico nos Estados Unidos, foi libertado após receber perdão do presidente norte-americano Donald Trump. A medida ocorreu dias antes das eleições em Honduras, nas quais Trump declarou apoio formal ao candidato do partido de Hernández.

Indulto e Retorno à Liberdade

Nesta terça-feira, 2 de dezembro, Juan Orlando Hernández deixou a prisão nos Estados Unidos onde cumpria pena. Ele havia sido julgado e condenado em 2024, durante o governo de Joe Biden, por conspirar para traficar mais de 500 toneladas de cocaína para território norte-americano. O ex-mandatário, que governou Honduras entre 2014 e 2022, foi acusado pela promotoria de transformar o país em um "narcoestado", uma espécie de rota preferencial para drogas vindas da Colômbia.

Em troca da proteção ao tráfico, ele teria recebido milhões de dólares de cartéis, incluindo o mexicano Sinaloa, de Joaquín "El Chapo" Guzmán. A esposa de Hernández, Ana García, comemorou a libertação: "Após quase quatro anos de dor, espera e julgamentos difíceis, meu marido voltou a ser um homem livre, graças ao indulto presidencial concedido pelo presidente Donald Trump".

Eleição Presidencial em Empate Técnico

O perdão ocorreu na semana passada, pouco antes das eleições presidenciais em Honduras, realizadas no domingo, 30 de novembro. O pleito, que é de turno único, está marcado por uma disputa acirrada. O candidato apoiado por Trump, o conservador Nasry Asfura do Partido Nacional, lidera a contagem por uma margem mínima.

Com 57% das urnas apuradas, Asfura tem 39,91% dos votos, enquanto seu principal rival, Salvador Nasralla, também de direita, aparece com 39,89%. A diferença é de apenas 515 votos. Diante da ínfima margem, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) declarou situação de empate técnico, o que lhe dá poder para exigir uma recontagem ou até convocar nova eleição.

Acusações e Tensão Pós-Eleição

A tensão aumentou após Donald Trump acusar, nesta segunda-feira (1º), Honduras de tentar mudar os resultados. Em sua plataforma Truth Social, ele afirmou que a comissão eleitoral interrompeu abruptamente a contagem e alertou: "Se fizerem isso, haverá um preto alto a pagar".

A presidente do CNE, Ana Paola Hall, atribuiu o atraso na apuração a falhas técnicas que deixaram o site da instituição instável e fora do ar. Ela pediu calma à população enquanto o conselho estuda os próximos passos. O vencedor substituirá a atual presidente de esquerda, Xiomara Castro.

O candidato Nasry Asfura, ex-prefeito de Tegucigalpa e filho de palestinos, concorre pela segunda vez à presidência. Sua candidatura, no entanto, é marcada pela sombra do Partido Nacional, manchado pela condenação de Hernández, e por acusações próprias de desvio de fundos e aparecimento nos "Pandora Papers". A intervenção direta de Trump no processo eleitoral hondurenho, através do indulto e do apoio público, coloca os Estados Unidos como um ator decisivo no futuro político do país centro-americano.