Em uma movimentação que acende o debate sobre a real distância entre o partido e o Planalto, o União Brasil indicou um novo nome para comandar o Ministério do Turismo. A pasta estava vaga após a demissão de Celso Sabino, expulso da sigla por ter desobedecido a ordem de desembarque do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O nome escolhido e os bastidores da indicação
O escolhido pela cúpula partidária para suceder Sabino é Gustavo Feliciano. Ele é filho do deputado federal Damião Feliciano, ambos com forte ligação com o União Brasil na Paraíba. A indicação foi confirmada pelo senador Efraim Filho, líder da sigla no Senado, e teria recebido o aval do próprio presidente do partido, Antonio Rueda.
Apesar da indicação partidária, Gustavo Feliciano ainda precisa receber e aceitar um convite formal do presidente Lula para assumir o cargo. A situação lembra um episódio recente: em abril, o deputado Pedro Lucas, também do União Brasil, recusou o convite para assumir o Ministério das Comunicações.
Expulsão de Sabino e a estratégia para 2026
A demissão de Celso Sabino do Turismo ocorreu nesta quarta-feira, 17 de dezembro de 2025. A saída foi uma consequência direta de sua expulsão do partido, decidida uma semana antes. O motivo foi a sua recusa em deixar o governo Lula.
No início de setembro, o União Brasil e o PP, que formam a Federação União Progressista, anunciaram publicamente que estavam deixando a base governista. A ordem para todos os filiados era clara: deveriam deixar seus cargos no Executivo, sob pena de expulsão. A estratégia é vista como um movimento pré-eleitoral, antecipando que os partidos não pretendem apoiar a possível reeleição de Lula em 2026.
Sabino, no entanto, optou por negociar sua permanência diretamente com o presidente, desafiando a determinação da legenda. O ato de insubordinação resultou em sua expulsão sumária.
Um distanciamento não tão definitivo?
A indicação de outro filiado do União Brasil para um ministério chave do mesmo governo que o partido oficialmente abandonou levanta questionamentos. Analistas políticos veem na manobra um sinal de que o distanciamento entre a sigla e o Planalto pode não ser total nem definitivo.
Enquanto a cúpula partidária faz movimentos públicos de afastamento visando às eleições de 2026, a indicação de Gustavo Feliciano sugere que canais de comunicação e negociação permanecem abertos. A situação coloca em xeque a coerência da estratégia de "desembarque" e demonstra as complexas negociações que caracterizam o cenário político brasileiro.
Agora, os holofotes se voltam para o Palácio do Planalto, aguardando a decisão final do presidente Lula sobre o convite, e para o próprio Gustavo Feliciano, que definirá os próximos passos de sua carreira política.