Pesquisa revela: 54% dos eleitores veem Lula como vencedor no 'tarifaço'
Lula sai fortalecido após revogação de sobretaxas, diz pesquisa

Uma pesquisa de opinião divulgada nesta terça-feira, 16 de dezembro de 2025, trouxe um resultado significativo para o cenário político brasileiro. O levantamento realizado pelo instituto Genial/Quaest aponta que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu partido, o PT, saíram fortalecidos do episódio conhecido como 'tarifaço', que envolveu sobretaxas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros.

Vitória clara na percepção pública

Os números da pesquisa são bastante elucidativos. Quando questionados sobre quem se saiu melhor no embate das sobretaxas, 54% dos eleitores apontaram o presidente Lula. Em contraste, apenas 24% dos entrevistados consideraram que o ex-presidente Jair Bolsonaro teve um desempenho positivo na questão.

O restante dos participantes se dividiu entre os que não souberam ou não quiseram responder (12%) e os que acreditam que nenhum dos dois políticos se saiu bem do episódio (10%).

Outro dado relevante mostra que a atuação de Lula foi considerada crucial pela maioria da população. Do total de entrevistados, 43% afirmaram que o presidente foi 'muito importante' na redução das tarifas, enquanto 28% disseram que ele foi 'importante'. Somadas, essas fatias representam 71% de avaliação positiva.

O contexto do tarifaço e a atuação de Eduardo Bolsonaro

A sobretaxa de importação de 40% sobre a maioria dos produtos brasileiros foi imposta pelo governo do presidente americano Donald Trump em julho, começando a valer em agosto. Na ocasião, Trump justificou a medida como uma retaliação às autoridades brasileiras pela iminente condenação de Jair Bolsonaro no caso do golpe de estado.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, assumiu publicamente a articulação que levou à imposição das sanções. Ele, que se mudou para os Estados Unidos, trabalhou ativamente para pressionar o Judiciário brasileiro, buscando evitar a condenação de seu pai. O objetivo, no entanto, não foi alcançado.

Jair Bolsonaro já está preso na Polícia Federal, cumprindo pena de 27 anos e três meses de prisão, determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pela tentativa de golpe de estado.

Reação do governo Lula e desfecho

Inicialmente, o governo Lula reagiu de forma crítica às sanções americanas. O STF, por sua vez, não cedeu à pressão internacional, mantendo a condenação e expedindo a ordem de prisão.

Em uma segunda etapa, Lula iniciou um diálogo direto com o presidente Donald Trump. Esse movimento diplomático resultou em uma redução parcial do tarifaço em novembro, quando a sobretaxa de 40% foi retirada da maioria dos produtos. Na última sexta-feira, o governo americano também removeu o ministro do STF, Alexandre de Moraes, e sua esposa da lista de sancionados pela Lei Magnitsky.

O resultado político do episódio foi duplo: enquanto o governo Lula viu sua imagem fortalecida perante o eleitorado, Eduardo Bolsonaro saiu isolado e enfraquecido no cenário político.

Reconhecimento além da base

A pesquisa da Genial/Quaest revela ainda que o reconhecimento da atuação de Lula no caso do tarifaço extrapola sua base tradicional de apoio. Entre os eleitores que se identificam como não bolsonaristas, 36% acham que Lula foi importante e 20% consideram que ele foi muito importante nas negociações.

Esse cenário representa um duro golpe para o bolsonarismo, que apostou numa estratégia de pressão internacional que não apenas falhou em seu objetivo principal, como acabou por fortalecer politicamente o adversário que pretendia enfraquecer.