O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem uma interpretação particular para a decisão de Jair Bolsonaro de lançar o filho, Flávio Bolsonaro, como candidato ao Planalto nas eleições de 2026. Em conversas privadas, o petista enxerga a movimentação como uma lógica de herança familiar, onde os votos são tratados como um patrimônio a ser repassado.
A análise de Lula sobre a dinâmica da direita
Segundo relatos de um ministro de seu governo, Lula tem questionado, em off, a razão pela qual Bolsonaro entregaria seu capital político a um aliado como Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, em vez de beneficiar o próprio filho. “Na direita, o dono dos votos é o Bolsonaro. Por que ele daria tudo isso ao Tarcísio e não ao filho”, tem afirmado o presidente, de acordo com a fonte.
Esse raciocínio revela uma visão de que a popularidade do ex-presidente é entendida por seu núcleo como um ativo pessoal, quase um bem de família, e não necessariamente como o cerne de um projeto nacional com o objetivo central de retirar o PT do poder federal.
Distância pública e confiança na reeleição
Apesar de analisar internamente os movimentos da oposição, Lula tem mantido um distanciamento público das disputas internas da direita. Em um café da manhã com jornalistas realizado no Palácio do Planalto nesta quinta-feira, 18 de dezembro de 2025, o mandatário deixou claro que sua atenção não está voltada para a definição do candidato adversário.
O presidente demonstrou confiança ao declarar que vencerá a eleição do próximo ano, independentemente de quem seja escolhido para enfrentá-lo. A declaração reforça a postura de quem se vê como favorito no pleito, focando em sua própria campanha e governo, enquanto observa os embates no campo opositor.
O cenário político em formação para 2026
A decisão de Jair Bolsonaro de apoiar a candidatura do senador Flávio Bolsonaro à Presidência da República ainda gera debates e tentativas de compreensão entre os grupos do centrão e mesmo dentro do próprio espectro conservador. A escolha familiar, contudo, parece encontrar uma explicação na leitura feita por Lula: a de que se trata de uma sucessão patrimonialista de um eleitorado considerado fiel ao patriarca.
Enquanto isso, o presidente petista segue sua estratégia de não se envolver diretamente na discussão, concentrando-se em afirmar sua capacidade de vitória eleitoral. O cenário para as eleições de 2026 começa a se desenhar com essa curiosa dinâmica, onde a principal figura da situação analisa a oposição sob a ótica da gestão de um legado familiar, e não apenas ideológico.