O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou, nesta quarta-feira (17 de dezembro de 2025), a saída de Celso Sabino do cargo de ministro do Turismo. A decisão segue a expulsão do político do União Brasil, partido que decidiu deixar o governo federal.
Substituição e indicação partidária
Gustavo Damião deve assumir a pasta do Turismo. Filho do deputado federal Damião Feliciano (União Brasil-PB), ele possui experiência na área, tendo atuado como secretário de Turismo e Desenvolvimento Econômico da Paraíba.
A indicação partiu do grupo mais alinhado ao governo dentro da bancada do União Brasil, que conta com aproximadamente 20 a 22 deputados. Este grupo é composto por nomes como o ex-ministro Juscelino Filho (MA), o líder da bancada, Pedro Lucas Fernandes (MA), e pelo próprio deputado Damião Feliciano. A nomeação também recebeu o aval do presidente nacional da legenda, Antônio de Rueda.
O conflito que levou à expulsão
A decisão do União Brasil de desembarcar do governo Lula foi tomada em setembro de 2025. A medida tinha como alvo principal Celso Sabino, enquanto outros indicados do partido sem mandato eletivo, como dirigentes de estatais, foram preservados.
O processo de expulsão do ministro se intensificou no final de novembro, quando o Conselho de Ética do partido recomendou sua saída e a dissolução do diretório estadual do Pará, do qual Sabino era presidente. A decisão final foi ratificada pela executiva nacional no dia 8 de dezembro.
Após a expulsão, Sabino usou as redes sociais para comentar o caso. Ele afirmou que foi punido por permanecer no governo e por "ajudar o Pará". O ministro agradeceu a aliados e aproveitou para reforçar sua pré-candidatura ao Senado em 2026.
As raízes da tensão e a permanência no cargo
O estopim do conflito foi uma reportagem publicada pelo ICL (Instituto Conhecimento Liberta) e pelo UOL. A matéria trazia acusações de um piloto de que o presidente do União Brasil, Antonio Rueda, seria dono de aviões operados pela facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). Rueda nega as acusações.
Integrantes do partido passaram a suspeitar de influência do Palácio do Planalto na divulgação da reportagem, já que um de seus autores tinha um programa na TV Brasil, emissora pública. Diante da crise, a legenda orientou que todos os seus filiados com cargos no governo deixassem seus postos.
Celso Sabino, no entanto, articulou para permanecer. Um dos motivos centrais era a expectativa de sua participação na organização e execução da COP30, a Conferência Climática da ONU que será sediada no Pará, seu estado de origem. Como deputado federal licenciado, o evento era visto como uma importante plataforma política para o ministro.
Apesar das negociações, o partido manteve a posição: Sabino deveria abandonar o cargo ou enfrentaria a expulsão. O ministro optou por ficar no governo, o que culminou em sua saída da sigla.
Contexto adicional: Em meio a esta crise política, uma pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira indica que a maioria dos brasileiros (47%) é contra o Projeto de Lei da Dosimetria, que prevê a redução de penas. Apenas 43% se declaram a favor da proposta.