Mulher de desembargador preso ocupou cargo na Alerj sob Bacellar
Mulher de desembargador preso trabalhou na Alerj

A esposa do desembargador Macário Ramos Júdice Neto, preso pela Polícia Federal nesta terça-feira (16), ocupou um cargo comissionado na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) durante a gestão do então presidente da casa, Rodrigo Bacellar (União Brasil). A informação surge no contexto de uma operação que investiga o suposto vazamento de dados sigilosos sobre uma ação policial.

Cargo comissionado na diretoria-geral da Alerj

Flávia Ferraço Lopes Júdice trabalhou na diretoria-geral da Alerj por um período de dois anos e meio. Seu vínculo, de natureza comissionada, teve início em 26 de abril de 2023 e se estendeu até 1º de novembro de 2025. Durante esse tempo, ela recebeu um salário líquido mensal de R$ 8.231,31.

O mandato de Rodrigo Bacellar à frente da Assembleia Legislativa fluminense coincide com o período em que Flávia Júdice esteve lotada no órgão. Bacellar, que também foi alvo de novas buscas e apreensões conduzidas pela PF nesta terça-feira, é uma figura central nas investigações.

Operação investiga suposto vazamento de informações

A prisão do desembargador Macário Ramos Júdice Neto, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2), está relacionada à suspeita de que ele teria vazado informações confidenciais sobre a operação policial que miraria o ex-deputado estadual conhecido como TH Joias.

Segundo a hipótese investigada, Júdice Neto teria antecipado a Rodrigo Bacellar os detalhes da ação antes de sua deflagração. Acredita-se que Bacellar, então, tenha repassado o alerta ao próprio alvo da operação, o ex-colega parlamentar.

A operação desta terça, que incluiu a prisão do desembargador e as buscas contra Bacellar, foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). As diligências atingiram inclusive um endereço na Avenida Atlântica, em Copacabana, na Zona Sul do Rio, que não constava inicialmente nos autos.

Histórico do desembargador e ligações políticas

Macário Júdice Neto possui um histórico conturbado na magistratura. Ele ficou afastado de suas funções por dezessete anos, a partir de 2005, quando foi investigado em uma operação que apurava a suposta venda de sentenças para bicheiros e exploradores de caça-níqueis, época em que era juiz no Espírito Santo.

Apesar do longo afastamento, ele foi reintegrado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em novembro de 2022. Imediatamente após o retorno, entrou na fila para promoção a desembargador do TRF2 pelo critério de antiguidade, promoção que se concretizou pouco tempo depois.

Fontes do Radar indicam que Júdice Neto era, ao lado do ex-governador Sergio Cabral, um dos principais conselheiros do ex-presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, evidenciando as estreitas relações entre o poder judiciário e a política no estado.

O caso expõe uma trama que envolve supostos abusos de autoridade, tráfico de influência e a permeabilidade de informações sensíveis entre diferentes esferas do poder, agora sob o crivo da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal.