Em uma escalada dramática das tensões, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ordenou nesta terça-feira, 16 de dezembro de 2025, um bloqueio naval total contra petroleiros sob sanção norte-americana nas águas da Venezuela. Em declarações públicas, Trump afirmou que o país está "completamente cercado" pelas Forças Armadas dos EUA.
O cerco naval e o impacto nas exportações
A medida, cuja definição precisa de quais embarcações estão sob sanção é considerada pouco clara, tem um objetivo prático evidente: impedir a entrada ou saída de quase todos os cargueiros de petróleo das águas venezuelanas, com exceção dos ligados à empresa americana Chevron. Esta continua operando no país com autorização de Washington, uma política iniciada no governo Biden para conter os preços da gasolina nos EUA e mantida por Trump.
O bloqueio é a ação mais recente de uma campanha de pressão. No último dia 11, o governo Trump capturou no Caribe o petroleiro "Skipper", de bandeira da Guiana, acusando-o de fazer comércio com o Irã. Desde então, as exportações venezuelanas de petróleo despencaram, deixando navios com pelo menos 11 milhões de barris parados na costa. Para um país cuja economia e regime dependem crucialmente da commodity, o golpe é severo.
Venezuela declarada "organização terrorista internacional"
Em um movimento com profundas implicações legais e militares, Trump classificou formalmente a ditadura de Nicolás Maduro como uma organização terrorista internacional. Esta designação abre um perigoso precedente, pois concede ao presidente dos EUA amplos poderes para ordenar ataques contra membros ou bases de tais grupos sem necessitar de autorização prévia do Congresso.
"Pelo roubo de nossos recursos e muitas outras razões, classifico o regime venezuelano de uma organização terrorista", declarou Trump. A justificativa para eventuais ataques diretos seguiria, segundo analistas, o mesmo argumento usado em operações no Oriente Médio contra grupos como o Estado Islâmico. Alguns senadores, tanto democratas quanto republicanos, tentam sem sucesso aprovar uma lei para obrigar Trump a consultar o Congresso antes de qualquer ataque à Venezuela.
Objetivos políticos e a crise em Cuba
A estratégia americana parece ter múltiplos alvos. Além de asfixiar economicamente o regime de Maduro, a medida deve cortar o envio de combustível que a Venezuela faz para Cuba, agravando a crise energética na ilha e desestabilizando seu governo. O secretário de Estado Marco Rubio, filho de cubanos exilados e uma das vozes mais fervorosas por uma intervenção que remova Maduro, é visto como um arquiteto-chave dessa política de pressão máxima.
Mobilização militar sem precedentes
Em uma publicação em sua rede social, Truth Social, Trump fez alegações bombásticas: "A Venezuela está completamente cercada pela maior armada já reunida na história da América do Sul", afirmou, sem apresentar provas. Ele também ameaçou aumentar o poderio e prometeu um "choque" maior do que já se viu, exigindo a devolução de petróleo e terras que alega terem sido roubados dos EUA – referências cuja origem não foi esclarecida.
O cenário militar já é palpável. O governo Trump deslocou para a região entre 12 mil e 16 mil soldados, além de caças, navios de guerra e o porta-aviões USS Gerald Ford, o maior do mundo. Esta campanha militar na América Latina, que visa embarcações suspeitas de tráfico de drogas, já resultou em quase cem mortes nas águas do Caribe e do Pacífico.
A ordem de bloqueio total e a declaração de organização terrorista marcam um ponto de não retorno no conflito entre Washington e Caracas, elevando o risco de um confronto direto e aprofundando a crise humanitária e econômica na Venezuela e em sua aliada Cuba.