Uma nova etapa da Operação Sem Desto, deflagrada nesta quinta-feira, 18 de dezembro de 2025, atingiu altos escalões do governo e do Legislativo, levando o presidente da CPMI do INSS, senador Carlos Viana (Podemos-MG), a solicitar a prorrogação dos trabalhos da comissão parlamentar de inquérito.
Prisões confirmam esquema estruturado, diz presidente da CPI
A ação conjunta da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU) determinou a prisão domiciliar do secretário-executivo do Ministério da Previdência, Adroaldo Portal. Além disso, foram cumpridos mandados de busca e apreensão contra o senador Weverton Rocha (PDT-MA).
Em comunicado oficial, o senador Carlos Viana celebrou o resultado da operação policial. Ele afirmou que as descobertas consolidadas nesta fase confirmam a existência de um esquema criminoso muito maior, altamente estruturado e profundamente orquestrado para desviar recursos de aposentados e pensionistas.
"Não estamos diante de fatos isolados nem de desvios pontuais", declarou Viana. "O que se escancara é um esquema para roubar aposentados, pensionistas, viúvas e órfãos, exatamente aqueles que o Estado deveria proteger com prioridade absoluta".
Linha de investigação da CPMI é validada
O parlamentar mineiro destacou que as prisões e medidas cautelares adotadas pela Justiça confirmam que a linha de investigação da CPMI estava correta. Ele ressaltou que os alertas feitos pela comissão tinham fundamento em provas concretas, mesmo diante de tentativas de obstrução.
Viana mencionou a atuação conjunta com o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), como fundamental para o avanço das investigações. Segundo ele, essa cooperação institucional permitiu romper barreiras e trazer à tona a extensão do esquema de desvios.
A investigação parlamentar já havia identificado indícios de que a estrutura criminosa utilizava mecanismos sofisticados para ocultar o dinheiro desviado, incluindo:
- Empresas de fachada
- Investimentos no exterior
- Emissão de notas fiscais frias (sem lastro em serviços)
Prorrogação por 60 dias é considerada indispensável
Diante da dimensão nacional e da profundidade do esquema revelado, o presidente da CPMI do INSS defendeu a prorrogação dos trabalhos da comissão por mais 60 dias. O atual prazo de funcionamento da CPI se estende até 28 de março de 2026.
Carlos Viana anunciou que começará a coletar assinaturas necessárias para a prorrogação na primeira reunião do colegiado no próximo ano, prevista para fevereiro. A justificativa é a necessidade de aprofundar as apurações, rastrear patrimônio oculto e identificar todos os responsáveis.
"Somente assim será possível aprofundar as apurações, rastrear patrimônio oculto, identificar todos os responsáveis e garantir justiça plena às vítimas", finalizou o senador em seu comunicado.
O parlamentar também fez referência a obstáculos enfrentados durante as investigações, como a ausência de depoimentos de figuras-chave. Citou o caso do ex-diretor de Benefícios do INSS, André Fidelis, que não compareceu à comissão, e do assessor parlamentar Gaspar, cujos requerimentos de convocação foram rejeitados.
A nova fase da Operação Sem Desconto reforça a tese de que o sistema previdenciário brasileiro continua vulnerável, inclusive em seus níveis mais altos de gestão, exigindo investigações mais profundas e medidas efetivas de combate à corrupção.