STJ condena escola a pagar pensão vitalícia por aluno que perdeu visão
Escola paga pensão vitalícia por aluno que perdeu visão

Uma escola particular do Distrito Federal foi condenada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) a pagar uma pensão vitalícia de um salário mínimo a um ex-aluno que perdeu a visão do olho esquerdo em um acidente ocorrido dentro da instituição. A decisão põe fim a uma disputa judicial que durou uma década.

O acidente e a omissão da escola

O caso remonta ao ano de 2014, no Colégio Triângulo, localizado em Taguatinga, DF. Na época, o estudante tinha apenas 14 anos. O acidente aconteceu quando uma colega de classe arremessou uma lapiseira, que atingiu o olho esquerdo do adolescente, causando a perda permanente da visão.

A família do jovem ingressou com uma ação na Justiça no ano seguinte, 2015. Ao longo do processo, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal já havia reconhecido a omissão da escola. A instituição foi considerada responsável por não prestar os primeiros socorros de forma adequada e por não encaminhar o estudante para um atendimento médico especializado imediatamente.

A virada no Superior Tribunal de Justiça

Inicialmente, a Justiça local havia condenado o colégio ao pagamento de indenização, mas negou o pedido de pensão vitalícia. O argumento utilizado foi de que o aluno não ficou totalmente incapacitado para o trabalho, considerando o dano à sua capacidade laboral como "hipotético", já que ele não trabalhava na época do ocorrido.

No entanto, ao analisar o recurso da família, a Quarta Turma do STJ mudou o entendimento. O relator do caso, ministro João Otávio de Noronha, destacou que, quando o dano ocorre durante a idade escolar, a limitação ou perda da capacidade de trabalho futura deve ser presumida.

O ministro fundamentou a decisão no Código Civil, que prevê o direito à pensão vitalícia quando há comprovação da redução da capacidade de trabalho. "Nos casos em que o dano ocorre durante a idade escolar, a limitação ou perda da capacidade de trabalho futura deve ser presumida", afirmou o relator.

Valores da condenação

Além da pensão vitalícia de um salário mínimo, a decisão do STJ manteve outras condenações financeiras impostas ao colégio:

  • R$ 20 mil por danos morais.
  • R$ 15 mil por danos estéticos.

A reportagem do g1 entrou em contato com a defesa do Colégio Triângulo para obter um posicionamento, mas não obteve retorno até a última atualização da matéria.

O desfecho do caso, após dez anos de tramitação, estabelece um importante precedente sobre a responsabilidade civil de instituições de ensino e a proteção aos estudantes, especialmente em situações que podem impactar permanentemente suas vidas e futuro profissional.