A Petrobras e a Braskem, sexta maior petroquímica do mundo, consolidaram uma das maiores parcerias comerciais do setor no Brasil. Na noite de quinta-feira, 18 de dezembro de 2025, as empresas anunciaram a renovação de contratos de fornecimento de matérias-primas que somam US$ 17,8 bilhões, equivalente a aproximadamente R$ 98,5 bilhões.
Os acordos, de longo prazo e com validade de até 11 anos, foram formalizados por meio de comunicados aos investidores. Eles renovam compromissos que estavam próximos do vencimento, garantindo a segurança do abastecimento para a Braskem e a receita para a estatal petrolífera. Todos os valores foram calculados com base em referências internacionais de mercado.
Detalhes dos contratos de fornecimento
Os novos contratos abrangem o fornecimento de diferentes produtos essenciais para a operação das unidades industriais da Braskem em vários estados do país.
Um dos principais acordos trata da venda de nafta petroquímica, derivada do petróleo, para as fábricas da Braskem em São Paulo, Bahia e Rio Grande do Sul. Com vigência de cinco anos a partir de 1º de janeiro de 2026, o contrato prevê uma quantidade mínima mensal, com possibilidade de ajustes. O volume pode chegar a 4,116 milhões de toneladas em 2026 e até 4,316 milhões de toneladas em 2030. O valor estimado deste acordo específico é de US$ 11,3 bilhões.
Etano, propano, hidrogênio e propeno
Outra parte significativa da negociação envolve a venda de etano, propano e hidrogênio para a unidade da Braskem no Rio de Janeiro. Entre 2026 e 2028, o fornecimento será mantido no patamar atual de 580 mil toneladas anuais em eteno equivalente, provenientes da Refinaria Duque de Caxias (Reduc).
De 2029 a 2036, a quantidade será ampliada para 725 mil toneladas por ano, para atender à expansão planejada da Braskem. O fornecimento nessa fase virá da Reduc e/ou do Complexo Boaventura (antigo Comperj). Este contrato de 11 anos tem valor estimado em US$ 5,6 bilhões.
Um terceiro acordo estabelece a venda de propeno das refinarias Reduc (RJ), Capuava (SP) e Alberto Pasqualini (RS). As quantidades contratadas são de até 140 mil toneladas por ano em Capuava e 100 mil na Reduc. Já a Refinaria Alberto Pasqualini fornecerá volumes crescentes anualmente, partindo de 14 mil até chegar a 60 mil toneladas. Este contrato de cinco anos, a partir de 18 de maio de 2026, vale cerca de US$ 940 milhões.
Cenário corporativo e futuro da Braskem
Além de principal fornecedora, a Petrobras é acionista relevante da Braskem, detendo 47% das ações com poder de voto. A controladora é a Novonor (antiga Odebrecht), que está em processo de recuperação judicial.
O setor petroquímico enfrenta um momento de baixa no cenário internacional, o que impacta a Braskem. Na segunda-feira, 15 de dezembro, a empresa informou que a Novonor firmou um acordo de exclusividade com o fundo de investimentos Shine, assessorado pela IG4 Capital. O fundo assumirá as dívidas em troca de receber 50,111% das ações com voto, tornando-se o novo controlador.
Diante desse movimento, a Petrobras afirmou que monitora a situação de perto. A estatal possui dois direitos societários que pode ou não exercer: o direito de preferência para comprar a parte da Novonor, ou o tag along, que permitiria vender sua participação ao novo controlador. A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, já manifestou publicamente seu otimismo com o potencial do setor petroquímico.
A companhia declarou que analisará os termos da transação e, no momento oportuno, decidirá sobre o exercício desses direitos ou a manutenção de sua posição acionária atual. Os novos contratos de fornecimento, independentemente da mudança de controle, garantem uma relação comercial estável entre as duas gigantes pelos próximos anos.