A Alpargatas, empresa controladora da icônica marca de sandálias Havaianas, enfrentou uma semana de turbulência financeira e digital após se tornar alvo de um movimento de boicote por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. A polêmica teve início com o lançamento de uma campanha publicitária estrelada pela atriz Fernanda Torres.
Queda no mercado financeiro e perdas milionárias
O reflexo imediato do boicote organizado nas redes sociais foi sentido na Bolsa de Valores brasileira, a B3. As ações da Alpargatas registraram uma queda de 2,7% apenas na segunda-feira, dia 22 de dezembro de 2025. Essa movimentação negativa interrompeu uma sequência de altas que a empresa vinha acumulando ao longo do último ano.
Em termos de valor de mercado, o prejuízo foi significativo. A companhia perdeu aproximadamente R$ 200 milhões, reduzindo sua valoração para cerca de R$ 7,3 bilhões na bolsa. O episódio ilustra como campanhas de boicote político podem impactar diretamente o desempenho financeiro de grandes corporações em um curto espaço de tempo.
O outro lado da moeda: popularidade nas redes sociais
Enquanto o mercado de capitais reagia negativamente, o cenário nas plataformas digitais contou uma história paralela. A rejeição de parte do público foi compensada por uma onda de apoio e curiosidade. O perfil oficial da Havaianas no Instagram ganhou mais de 150 mil novos seguidores em apenas 48 horas.
Esse crescimento acelerado, ocorrido entre sábado, 20, e segunda-feira, 22 de dezembro, fez a conta da marca saltar de 4 milhões para 4,3 milhões de seguidores. Trata-se de um dos aumentos mais expressivos na história digital da empresa, demonstrando que a polêmica também serviu para ampliar seu alcance e visibilidade.
Concorrente direta é beneficiada
O movimento de boicote não beneficiou apenas a Havaianas em termos de seguidores. A principal concorrente no mercado de sandálias, a Ipanema, colheu frutos ainda mais expressivos no mesmo período. O perfil da Ipanema no Instagram registrou um ganho extraordinário de mais de 440 mil seguidores em apenas 24 horas.
A conta da marca rival foi inundada por comentários de apoio de usuários que declaravam preferência por seus produtos em represália à Havaianas. A diretora de TV Lucimara Parisi foi uma das que se manifestaram, escrevendo: “Vou entrar o ano novo pela direita vou de IPANEMA”. Outro usuário comentou: “Se a Ipanema souber aproveitar o momento vai triplicar o faturamento!”.
O caso da Havaianas se transformou em um estudo de caso sobre os impactos duais das polarizações políticas no mundo dos negócios. De um lado, perdas financeiras concretas e imediatas na casa das centenas de milhões de reais. De outro, um engajamento digital massivo e um aumento relevante na base de seguidores, que pode ser capitalizado no longo prazo. A situação também evidenciou como a concorrência pode se beneficiar diretamente de crises alheias, capturando parte do público insatisfeito. O desfecho deste capítulo dependerá da capacidade da marca em converter a nova atenção em fidelidade e vendas, equilibrando os prejuízos do mercado financeiro com os ganhos no mercado de percepção.