Ibovespa em queda: cenário pré-eleitoral e votação de corte fiscal pressionam bolsa
Pré-campanha e corte fiscal pesam no Ibovespa

O mercado financeiro brasileiro permanece sob forte influência do cenário político nesta quarta-feira, 17 de dezembro de 2025, com o principal índice da bolsa, o Ibovespa, ampliando as perdas registradas no pregão anterior. O clima de pré-campanha eleitoral, agravado por uma pesquisa que mostra novos cenários para a direita, e a expectativa em torno de uma votação crucial no Senado são os principais fatores de pressão.

Cenário político e eleitoral domina os humores

A divulgação de uma nova pesquisa eleitoral, realizada pelo instituto Genial/Quaest, trouxe mais volatilidade ao mercado. O estudo indicou que Flávio Bolsonaro surgiria como um candidato mais forte à direita do que o governador Tarcísio de Freitas. No entanto, a pesquisa também apontou que todos os nomes citados na disputa pela direita perderiam para o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, em um eventual segundo turno.

Esse novo dado do tabuleiro político contribuiu para o aumento da aversão ao risco entre os investidores. O reflexo foi imediato: o EWZ, fundo que replica o desempenho das ações brasileiras negociadas em Nova York, abriu a sessão em queda de 0,82%. A movimentação ocorreu mesmo com uma melhora no humor dos mercados internacionais, demonstrando que os fatores domésticos são preponderantes.

Agenda econômica: Senado vota corte de benefícios fiscais

Enquanto as pesquisas alimentam especulações, a agenda concreta do Congresso Nacional é outro ponto de atenção. As atenções do mercado e do governo se voltam para o Senado Federal, onde está prevista a votação da proposta de corte de benefícios fiscais.

Essa medida, aprovada pela Câmara dos Deputados na noite de terça-feira (16), é considerada pelo Palácio do Planalto como fundamental para o fechamento das contas do Orçamento da União de 2026. Apesar do avanço legislativo, os investidores demonstraram pouco entusiasmo, sinalizando que a aprovação da matéria já estava, em grande parte, precificada pelos agentes.

Além da questão fiscal, o mercado continua tentando antever o momento em que o Banco Central iniciará um ciclo de cortes na taxa Selic. A incerteza sobre o timing e a profundidade desse movimento de queda dos juros básicos permanece como um dos motivos iniciais para o "azedume" observado no mercado financeiro nas últimas sessões.

Contexto internacional e commodities

No exterior, o cenário apresentava sinais de recuperação, em contraste com a fraqueza brasileira. Os futuros das bolsas americanas ensaiavam alta, sustentados pela percepção de que os últimos dados do mercado de trabalho (payroll) não seriam suficientemente fortes para forçar novos cortes de juros pelo Federal Reserve no início do próximo ano.

Na Europa, as bolsas também operavam no azul, com destaque para o Reino Unido. O índice FTSE 100 subia mais de 1% após a divulgação de que a inflação britânica caiu para 3,2% em novembro, um resultado melhor do que a expectativa de analistas, que era de 3,5%.

No mercado de commodities, aproveitando o clima geral de otimismo global, o petróleo recuperou o patamar de US$ 60 por barril, valor que havia sido perdido durante o pregão da véspera.

A combinação entre a instabilidade política típica de períodos pré-eleitorais e a ansiedade em torno das decisões fiscais do Congresso criou um ambiente desafiador para os ativos brasileiros. Enquanto o Senado não concluir a votação da medida e as perspectivas para a taxa de juros não ficarem mais claras, a volatilidade deve seguir como marca registrada do Ibovespa.