O principal índice da Bolsa de Valores brasileira, o Ibovespa, iniciou a sessão desta terça-feira, 16 de dezembro de 2025, com um movimento de instabilidade. Após registrar ganhos expressivos no pregão anterior, a bolsa oscilava em torno da marca dos 160 mil pontos, refletindo uma postura mais cautelosa por parte dos investidores.
Agenda doméstica: Copom e ajustes fiscais em foco
No cenário interno, os agentes de mercado dedicaram atenção à ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta manhã. O documento do Banco Central destacou que a postura cautelosa na condução da política monetária tem sido fundamental para a desaceleração da inflação, reafirmando o compromisso com o cumprimento da meta.
Embora tenha apresentado uma avaliação mais construtiva sobre o ambiente internacional e as expectativas, o BC manteve o alerta sobre vetores inflacionários ainda desfavoráveis, sinalizando a necessidade de vigilância contínua.
Paralelamente, o mercado repercutiu declarações do presidente da Câmara, Hugo Motta, sobre a intenção de negociar com o Senado um projeto que reduz renúncias fiscais para viabilizar o Orçamento de 2026. A medida é vista como um fator que pode influenciar o comportamento dos juros futuros ao longo do dia.
Outro ponto de atenção foi a aprovação, pela Câmara, de um projeto que retira cerca de 1,5 bilhão de reais do Fundo Social da meta fiscal, mantendo as despesas com educação e saúde fora do arcabouço de controle.
Setores em baixa e agenda presidencial
Na abertura do pregão, as ações de grandes instituições financeiras operavam no campo negativo. O Santander (SANB11) liderava as perdas, com recuo de 1,18%, seguido pelo Banco do Brasil (BBAS3), que caía 1,09%. Bradesco (BBDC4) e Itaú (ITUB4) também registravam baixas de 1,00% e 0,79%, respectivamente.
O setor de petróleo e gás acompanhava o movimento de queda. As ações da Prio (PRIO3) recuavam 1,27%, enquanto PetroRecôncavo (RECV3) caía 1,12% e Brava Energia (BRAV3) cedia 0,95%.
Na agenda oficial do dia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participaria, às 11h30, do encontro anual de gestores da Caixa Econômica Federal e, às 16h, de uma reunião do Conselho de Participação Social.
Expectativa global por dados dos EUA
No exterior, o tom predominante entre os investidores era de prudência, à espera da divulgação de uma série de indicadores econômicos dos Estados Unidos. Os dados devem ajudar a calibrar as expectativas sobre a política monetária do Federal Reserve para 2026.
O foco imediato estava no relatório de emprego (payroll), que traria números consolidados do mercado de trabalho referentes a outubro e novembro. Além disso, o mercado acompanharia os números de vendas no varejo e do Índice de Gerentes de Compras (PMI), previstos para esta terça-feira.
Para Bruno Yamashita, analista de Alocação e Inteligência da Avenue, o mercado de trabalho americano é um grande vetor para as decisões do Fed. "Com todas essas agendas importantes a gente vê o índice dólar operando em direção oposta. O mercado e os investidores estão atentos aos dados que serão divulgados agora pela manhã", explicou.
Por volta das 11h, o dólar comercial operava praticamente estável, cotado a 5,42 reais. Em Wall Street, os índices futuros indicavam leve aversão ao risco, com o Dow Jones Futuro recuando 0,04%, o S&P 500 Futuro caindo 0,10% e o Nasdaq Futuro tendo baixa de 0,15%.