O mercado financeiro brasileiro viveu um dia de movimentos contrastantes nesta segunda-feira, 17 de novembro de 2025, com o dólar avançando e o Ibovespa recuando diante das incertezas sobre as políticas monetárias no Brasil e nos Estados Unidos.
Cenário internacional pressiona mercados
No front externo, o dólar norte-americano continuou sua trajetória de valorização, influenciado pela postura contracionista mantida pelo Federal Reserve. A moeda norte-americana fechou cotada a R$ 5,32, refletindo a expectativa de que as taxas de juros nos EUA permaneçam elevadas por mais tempo.
Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, explica que "a permanência da postura monetária contracionista pelo Fed alimenta as expectativas de taxas de juros elevadas e favorece a apreciação da moeda americana".
Outro fator que chamou a atenção dos investidores foi a expectativa em torno do balanço da Nvidia, primeira empresa do mundo a atingir US$ 5 trilhões em valor de mercado. Os resultados, que serão divulgados na quarta-feira, devem definir o tom para as ações de tecnologia globais.
Brasil: inflação cai, mas economia desacelera
No cenário doméstico, o Ibovespa, principal índice da B3, encerrou o pregão em desvalorização de 0,47%, recuando para 156,9 mil pontos. O desempenho negativo ocorreu mesmo com dados positivos sobre a inflação.
O Boletim Focus semanal revisou a projeção do IPCA de 4,55% para 4,46% ao ano. Esta é a primeira vez em 2025 que economistas consultados pelo Banco Central projetam o índice abaixo do teto da meta, que é de 4,5%.
Por outro lado, o IBC-Br, considerado a prévia oficial do PIB brasileiro, apresentou queda de 0,24% em setembro ante agosto, indicando desaceleração no ritmo da economia nacional.
Declarações do BC e desempenho dos bancos
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reforçou em suas declarações que a autoridade monetária não tem oferecido qualquer indicação antecipada sobre os próximos passos e que a condução da política de juros seguirá "integralmente guiada pelos dados".
No mercado de ações, os principais bancos acompanharam o recuo do Ibovespa:
- Itaú (ITUB4): desvalorização de 0,74%
- Bradesco (BBDC3): baixa de 0,84%
- Bradesco (BBDC4): queda de 0,77%
- Santander (SANB11): recuo de 0,86%
- Banco do Brasil (BBAS3): avanço de 0,27%
O cenário misto - com inflação em trajetória descendente, mas atividade econômica desacelerando - mantém os investidores em estado de alerta enquanto aguardam novos indicadores que possam direcionar as políticas monetárias no Brasil e no exterior.