Diante de uma crise econômica profunda e persistente, o governo de Cuba decidiu dar um passo histórico em direção à abertura do país para o capital internacional. A nova estratégia, anunciada oficialmente, visa atrair investidores estrangeiros com um pacote de medidas que promete reduzir a burocracia e oferecer maior flexibilidade.
Anúncio oficial em meio à crise
O ministro do Comércio Exterior e Investimento Estrangeiro de Cuba, Oscar Pérez-Oliva, foi o responsável por fazer o anúncio durante a Feira Internacional de Havana, realizada no final de novembro de 2025. Segundo o ministro, o conjunto de ações tem como objetivo principal facilitar a entrada de investidores, criando um ambiente de negócios mais ágil, confiável e com maior autonomia financeira para quem decidir apostar no país.
Esta iniciativa representa uma inflexão relevante na política econômica cubana, historicamente caracterizada por um forte controle estatal sobre todos os setores. A medida surge em um contexto de fragilidade prolongada, com a economia da ilha em crise desde 2019.
O cenário de dificuldades que levou à decisão
A economia cubana sofreu um duro golpe com o colapso do turismo após a pandemia de covid-19. Esse problema se somou aos efeitos persistentes do embargo comercial, econômico e financeiro imposto pelos Estados Unidos, aprofundando desequilíbrios estruturais que já existiam.
O impacto da crise é visível no cotidiano da população. A infraestrutura pública mostra sinais claros de deterioração, os serviços básicos operam com grandes dificuldades e os apagões prolongados se tornaram eventos frequentes. Um blecaute ocorrido na segunda-feira, 15 de dezembro de 2025, pegou a população de surpresa, mesmo com os cortes de luz sendo parte da rotina.
Além disso, Cuba enfrenta uma forte dependência de importações para itens essenciais:
- Grande parte dos alimentos consumidos internamente.
- Combustíveis para abastecimento e geração de energia.
- Peças de reposição para usinas termelétricas defasadas.
A "dolarização" como estratégia para atrair divisas
Para garantir a entrada de moeda estrangeira, o governo cubano vem promovendo, de forma gradual, um processo de "dolarização" da economia. Atualmente, essa medida já atinge setores como o comércio varejista, empresas estatais de importação, postos de combustíveis e o setor de turismo.
Durante o anúncio, o ministro Pérez-Oliva afirmou que essa política será aprofundada. Isso significa que determinados bens e serviços passarão a exigir pagamento exclusivo em moeda estrangeira, embora o governo ainda não tenha detalhado quais segmentos específicos serão afetados por essa mudança.
As novas regras anunciadas representam o movimento mais significativo em direção à abertura econômica de Cuba nos últimos anos. Apesar da relevância do pacote de incentivos, o governo ainda não informou uma data precisa para a entrada em vigor das novas regras, deixando investidores e a população aguardando os próximos capítulos dessa transformação na ilha.