A recente escalada de tensões entre os Estados Unidos e a Venezuela, reacendida por novas ameaças do ex-presidente Donald Trump, voltou a preocupar seriamente os investidores internacionais. O risco geopolítico entre as duas nações já se reflete em uma maior volatilidade nos preços dos ativos financeiros, conforme análise do mercado.
Canais de transmissão do risco para a economia
Segundo o professor Rodrigo Simões, da FAC SP (Faculdade do Comércio), o impacto das ameaças é imediato e se propaga por dois canais clássicos. O primeiro e mais direto é o preço do petróleo. A Venezuela é um ator fundamental no cenário energético global, e qualquer sinal de conflito que possa desestabilizar sua produção ou o fornecimento afeta a cotação internacional do barril.
Um reflexo claro desse movimento foi observado nesta semana. Durante um dos episódios recentes de escalada retórica, o petróleo registrou alta de 1,23% no fechamento das bolsas americanas, um aumento diretamente ligado à percepção de risco no abastecimento global.
O segundo canal: o custo para os emergentes
O segundo canal de transmissão, porém, é ainda mais sensível para economias como a brasileira. Trata-se do aumento do prêmio de risco para países emergentes. "Quando o risco geopolítico sobe, o investidor internacional exige um retorno maior para permanecer aplicado em mercados como o nosso", explica o professor Simões.
Esse mecanismo tem efeitos em cascata bem conhecidos pelos analistas:
- Custo do capital mais alto para empresas e governo.
- Queda no valor de mercado das companhias.
- Pressão sobre a cotação de ativos financeiros locais.
- Impacto negativo sobre o crescimento econômico como um todo.
Brasil paga a conta indiretamente
Em resumo, mesmo sem um envolvimento direto no cerne do conflito, o Brasil acaba pagando parte da conta quando a tensão entre Washington e Caracas é precificada pelos mercados. A volatilidade adicional introduzida por esses eventos geopolíticos cria um ambiente de incerteza que desfavorece os fluxos de capital para nações em desenvolvimento, onerando sua economia.
A situação serve como um alerta de como eventos externos, distantes do território nacional, podem ter consequências financeiras concretas e imediatas, influenciando desde o preço dos combustíveis até o custo de captação das empresas brasileiras.
