O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quinta-feira, 4 de dezembro de 2025, que a economia brasileira registrou uma variação positiva de 0,1% no terceiro trimestre em relação ao trimestre anterior. Em valores correntes, o Produto Interno Bruto (PIB) movimentou a cifra de R$ 3,2 trilhões entre julho e setembro.
Uma trajetória de crescimento com sinais de desaceleração
Com esse resultado, o indicador econômico mais importante do país acumula 17 trimestres consecutivos de crescimento, alcançando o maior patamar desde o início da série histórica, em 1996. No entanto, o desempenho do período sinaliza uma perda de ritmo na atividade econômica.
A expansão de 0,1% no terceiro trimestre representa uma desaceleração em relação ao avanço de 0,4% observado no segundo trimestre de 2025, que já apontava para uma perda de fôlego. Além disso, o resultado ficou ligeiramente abaixo das expectativas do mercado financeiro, que projetava um crescimento de 0,2% para o período.
Desempenho setorial: Indústria lidera, Serviços estagnam
Na análise por setores da economia, comparando com o trimestre anterior, o comportamento foi desigual. A Agropecuária cresceu 0,4%, enquanto a Indústria apresentou um avanço mais robusto de 0,8%. Por outro lado, o setor de Serviços ficou praticamente estável, com uma variação mínima de 0,1%.
Em comparação com o mesmo período do ano anterior, o terceiro trimestre de 2025 registrou um crescimento mais expressivo de 1,8% no PIB. Esse desempenho anual foi puxado principalmente pelo forte avanço da Agropecuária, que saltou 10,1%. A Indústria cresceu 1,7% e os Serviços, 1,3% na mesma base de comparação.
Os motores da economia em detalhe
A composição do PIB no terceiro trimestre revela um cenário de demandas mistas. O consumo das famílias, pressionado pelo crédito caro, avançou apenas 0,1%. Em contrapartida, o consumo do governo se recuperou e cresceu 1,3%, ajudando a sustentar a atividade econômica.
Uma boa notícia veio dos investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo), que reagiram e registraram alta de 0,9%, após terem recuado no trimestre anterior. No setor externo, as exportações ganharam força com um crescimento de 3,3%, enquanto as importações voltaram ao campo positivo com uma leve alta de 0,3%.
O contexto de taxa de juros Selic estacionada em 15% ao ano, seu maior nível em quase duas décadas, continua a pesar sobre o custo do crédito e o endividamento, refreando o ímpeto consumidor das famílias mesmo em um ambiente de desemprego em patamares historicamente baixos.
O que os números revelam sobre o futuro?
Os dados do IBGE confirmam que a economia brasileira mantém sua trajetória de expansão, mas em um ritmo claramente mais moderado. O crescimento contínuo por 17 trimestres é um marco positivo, demonstrando resiliência. No entanto, a combinação de juros altos, a perda de fôlego no consumo das famílias e a estagnação do setor de serviços, que responde pela maior parte do PIB, indicam desafios para a aceleração econômica nos próximos meses.
A performance robusta da agropecuária e a retomada dos investimentos são pontos de luz que podem ajudar a sustentar o crescimento, enquanto o mundo aguarda por um ciclo de flexibilização monetária que possa reativar o crédito e o consumo de forma mais vigorosa.