O padre e comunicador Fábio de Melo utilizou suas redes sociais na noite da última segunda-feira, 15 de dezembro, para fazer um desabafo público. O motivo foram as constantes críticas e até pedidos formais para que fosse expulso da Igreja Católica. A reflexão ocorre em um momento significativo: ele acaba de completar 24 anos de vida sacerdotal.
Um ministério marcado pelo acolhimento
Em um texto emocionado e pessoal, publicado em suas plataformas digitais, o religioso abordou diretamente os que duvidam de sua vocação. Fábio de Melo relembrou que sua trajetória sempre surpreendeu aqueles que o viram crescer, mas que a desconfiança em relação ao seu trabalho persiste. "Muitos continuam acreditando que não sirvo para o cargo. Pedem minha expulsão, dizem que sou uma vergonha para a Igreja", escreveu.
O padre, no entanto, afirmou compreender essas posições. Ele relacionou a reação à um "moralismo que cega", que dificulta enxergar a essência do chamado cristão. Em uma analogia poderosa, ele brincou ao dizer que o "Recursos Humanos" de Jesus "foi o pior da história", pois escolhia justamente as pessoas consideradas estranhas ou esquisitas pela sociedade da época.
A vocação de acolher os que estão à margem
O cerne da mensagem de Fábio de Melo foi reafirmar o propósito de seu ministério. Ele destacou que, ao longo dessas mais de duas décadas como padre, sempre buscou acolher aqueles que se sentem excluídos. "Há 24 anos, mesmo sendo um homem cheio de imperfeições, venho acolhendo os que passam pela minha vida. De maneira especial, os que não se sentem convidados, os que não entram pela porta da frente", declarou.
Para ele, essa postura é uma questão de coerência com sua fé e compreensão do evangelho. O padre argumentou que os "perfeitos" também eram bem-vindos no tempo de Jesus, mas muitos não conseguiam acompanhá-lo, justamente por considerá-lo louco.
Um agradecimento e uma reflexão final
Encerrando seu desabafo, Fábio de Melo dirigiu-se diretamente ao público que o acompanha. Ele agradeceu a todos aqueles para os quais o seu trabalho sacerdotal fez sentido em algum momento. A mensagem terminou com um tom de gratidão e certa resignação: "Se em algum momento de nossas vidas o meu ministério sacerdotal fez sentido para você, obrigado pela confiança. Já valeu ter sido quem eu fui".
A publicação, feita na noite de 15 de dezembro, rapidamente ganhou milhares de interações e comentários de apoio de fiéis e seguidores. O episódio joga luz sobre as tensões e os debates dentro da Igreja Católica contemporânea, especialmente em torno de figuras públicas que adotam uma postura pastoral focada na inclusão e no acolhimento de grupos marginalizados.