A batalha pela audiência nas transmissões esportivas online ganhou um novo capítulo decisivo na última quarta-feira, 17 de dezembro de 2025. Durante a final do Intercontinental entre Flamengo e Paris Saint-Germain, a GE TV, canal de esportes do Grupo Globo no YouTube, superou a concorrente CazéTV em número de espectadores simultâneos, marcando um ponto de virada no cenário digital.
Uma disputa acirrada minuto a minuto
Enquanto os times se enfrentavam em campo, uma guerra paralela pela atenção do público acontecia nas plataformas de streaming. A CazéTV, plataforma comandada pela Livemode e liderada pelo criador Casimiro Miguel, manteve a liderança apenas nos primeiros 20 minutos da transmissão. Após esse período, a GE TV disparou na audiência, alcançando a marca impressionante de 5 milhões de acessos simultâneos.
Em seu pico, a plataforma da Globo chegou a abrir uma vantagem de 1,69 milhão de espectadores em relação à concorrente. O dado é significativo, especialmente quando se considera que a CazéTV possui quase o dobro de inscritos: 23,7 milhões contra 12,2 milhões da GE TV.
O mercado em transformação e a entrada de novos players
Este confronto direto ilustra uma mudança profunda no modelo de transmissões esportivas no Brasil. "Enquanto os canais tradicionais operam com públicos mais consolidados e previsíveis, a disputa pela atenção dos mais jovens nas transmissões mais casuais do YouTube e do streaming ainda está em aberto é um jogo em andamento, com placar que muda minuto a minuto", analisa Ivan Martinho, professor de marketing esportivo da ESPM.
A CazéTV se consolidou no mercado após a Copa do Mundo do Qatar, enquanto a Globo começou a investir pesadamente em transmissões gratuitas no YouTube apenas em 2025. Além dessas plataformas, até mesmo aplicativos de estatísticas como a Flashscore entraram no jogo, investindo em transmissões por áudio e registrando mais de 100 milhões de visualizações em 2025.
Impacto no mercado publicitário e no futuro das transmissões
A audiência massiva valoriza as propriedades comerciais das plataformas, atraindo marcas que desejam alcançar um público mais jovem. Alexandre Vasconcellos, regional manager da Flashscore no Brasil, vê a entrada da Globo como um fator de consolidação: "A entrada da GeTV traz para a mesa uma Globo que tem mais canais e musculatura para distribuir investimentos... Isso deve solidificar o YouTube como uma das casas do Esporte Ao Vivo no Brasil".
No entanto, Vasconcellos alerta que a concorrência acirrada pode diluir os investimentos publicitários. "Se o recorte for olhando o investimento que mire no YouTube por esporte ao vivo, provavelmente as cotas publicitárias aumentarão. No entanto, todo bolso é limitado, e o que pode acontecer é vermos um declínio em outras frentes, como TV paga, streaming e até TV aberta", completa o executivo.
A corrida pela audiência digital está apenas começando, e os próximos meses serão decisivos para definir os novos líderes do esporte ao vivo online no país. A tese de uma convergência multicanal está posta, e a resposta do mercado aos movimentos agressivos de gigantes como a Globo será o termômetro para o futuro do setor.