O ano de 2025 foi um período de extremos para a televisão e o streaming. Enquanto produções como a minissérie Adolescência (Netflix), o drama médico The Pitt e a enigmática Pluribus foram aclamadas pela crítica e pelo público, outras se destacaram pelos motivos errados, marcando o ano com fracassos retumbantes e decepções criativas.
As grandes decepções do streaming em 2025
O cenário do streaming em 2025 mostrou que nem toda aposta de alto orçamento ou com nomes famosos garante qualidade. Alguns projetos se perderam em premissas equivocadas, excessos narrativos ou pura falta de originalidade, frustrando expectativas e manchando legados.
Tudo É Justo lidera a lista das produções mais rechaçadas. A nova série de Ryan Murphy, que colocou Kim Kardashian no papel principal de um drama sobre advogadas, foi amplamente criticada. Paradoxalmente, a produção se tornou um caso de "hate watching" e alcançou o maior sucesso de audiência do Hulu em três anos, provando que, em um mercado saturado, até o ridículo pode gerar números.
Outro capítulo triste foi o encerramento de And Just Like That…, a continuação de Sex and the City. Após três temporadas consideradas torturantes por muitos, a série chegou ao fim com uma conclusão anticlimática. O romance prolongado entre Carrie (Sarah Jessica Parker) e Aidan (John Corbett) foi cansativo, e personagens como Miranda (Cynthia Nixon) perderam relevância. O final não conseguiu oferecer uma despedida à altura de uma franquia que marcou a cultura pop por quase três décadas.
A tentativa da Duquesa de Sussex, Meghan Markle, de estrear na TV com Com Amor, Meghan, um programa de culinária e bem-estar, também fracassou. A produção foi alvo de críticas por destacar a artificialidade e os privilégios da apresentadora, gerando mais vergonha alheia do que inspiração genuína.
Franquias em declínio e oportunidades perdidas
Algumas séries que começaram com grande promessa encontraram um caminho de declínio acentuado em 2025. Foi o caso de Yellowjackets. Após uma segunda temporada inconsistente, a terceira levou a série ao fundo do poço, com tramas vagarosas e mortes inconsequentes que desperdiçaram o talento de seu elenco estelar, incluindo Melanie Lynskey e Christina Ricci.
O universo Marvel continuou a mostrar sinais de desgaste na TV. Coração de Ferro, estrelada por Dominique Thorne, chegou ao Disney+ com pouco alarde e uma estrutura genérica, falhando em reconquistar o público e demonstrando o enfraquecimento da fórmula que integra filmes e séries.
A aposta da Netflix em um drama médico diferente, Pulso, também não deu certo. A série optou por focar em intrigas de carreira em vez do estresse do pronto-socorro, centrando-se em uma residente que denuncia o ex-namorado por assédio. No entanto, a trama não foi contundente o suficiente para prender a atenção dos espectadores.
Reinvenções mal-sucedidas e um cancelamento rápido
A nostalgia nem sempre é uma garantia de sucesso. A tentativa de reviver a franquia Suits com Suits LA foi um exemplo claro. A mudança de cenário para Los Angeles e a troca do elenco, com Stephen Amell no comando, resultou em episódios mornos e uma falta de conexão com a série original. O projeto foi cancelado antes mesmo de exibir seu último episódio, um raro e duro veredicto da indústria.
Ryan Murphy, que acertou com os irmãos Menendez, errou a mão ao investigar a vida de Ed Gein em Monstro: A História de Ed Gein. A ideia de criticar o sensacionalismo em torno do criminoso que inspirou O Massacre da Serra Elétrica e O Silêncio dos Inocentes se perdeu, e a série acabou se tornando ainda mais sensacionalista, agravada pela atuação considerada caricatural de Charlie Hunnam.
Uma Família Perfeita, estrelada por Ellen Pompeo após sua saída de Grey's Anatomy, também não encontrou seu tom. A série, que dramatiza o bizarro caso real de Natalia Grace, oscilou sem sucesso entre o true crime, o drama e o humor macabro, falhando em sustentar a narrativa.
A menção desonrosa: um fiasco na TV aberta
Embora o foco sejam as séries, é impossível ignorar o maior desastre da televisão aberta brasileira em 2025: a novela Vale Tudo. A releitura do clássico de Gilberto Braga se transformou em um palco de críticas sociais inócuas, propagandas mal inseridas, erros de continuidade e furos de roteiro gritantes, especialmente durante sua reviravolta final, considerada implausível e pouco impactante. A produção se tornou um fenômeno de acompanhamento por seu fracasso, mas falhou em entregar um entretenimento genuinamente cativante.
Em resumo, 2025 serviu como um alerta para a indústria do entretenimento: o sucesso de audiência, impulsionado até pelo "hate watching", nem sempre anda de mãos dadas com a qualidade artística. Enquanto algumas produções buscaram fórmulas fáceis baseadas em nostalgia ou polêmica, outras simplesmente perderam a direção, resultando em um ano com um legado duvidoso para várias franquias e nomes consagrados.