Um importante capítulo da história e da cultura negra brasileira acaba de ganhar uma nova vida no mundo digital. O Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro) concluiu um projeto massivo de digitalização do acervo do ativista, artista e político Abdias Nascimento.
Um tesouro histórico preservado
O trabalho resultou na conversão para formato digital de um impressionante conjunto de 12.000 imagens, que foram extraídas de 15 rolos de microfilme. Além disso, centenas de minutos de conteúdo audiovisual, guardados em 51 fitas do formato mini-DV, também foram digitalizados.
Segundo o Ipeafro, uma parte significativa desse material nunca havia sido vista pelo público. Os documentos registram décadas de atuação de personalidades e organizações da sociedade civil brasileira, com um foco especial na luta contra o racismo e na promoção e valorização da cultura negra no país.
Financiamento internacional e importância reconhecida
A iniciativa não foi realizada sozinha. O projeto contou com um apoio financeiro crucial vindo do programa Iberarquivos – uma aliança de países ibero-americanos – e da Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (Aecid), por meio de um edital em 2024.
Para Clícea Maria Miranda, diretora de Gestão do Acervo do Ipeafro, a seleção do projeto neste edital internacional é um marco. "A contemplação do nosso projeto no edital do Iberarquivos reforça a missão do Instituto de preservar a memória negra", afirmou. Ela destaca que isso evidencia o reconhecimento, por entidades arquivísticas nacionais e internacionais, do Ipeafro como o guardião de um acervo de relevância para o Brasil e para outros países.
Divulgação começará em 2026
A população poderá acessar esse rico material a partir de janeiro de 2026. A difusão será feita principalmente através do site oficial do Ipeafro e de suas redes sociais. Entre os conteúdos que já começam a ficar disponíveis estão entrevistas históricas concedidas pelo próprio Abdias Nascimento.
Este projeto vai muito além da simples preservação de documentos antigos. Ele representa a garantia de que as vozes, as imagens e as histórias de resistência e construção da identidade negra no Brasil permaneçam vivas, acessíveis e servindo como fonte de pesquisa, inspiração e educação para as gerações atuais e futuras.
